Lírio Verde

Criar seu atalho
http://criadoreumso.blogspot.com
31/05/2011 (Terça-feira_

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LIVRO SEGUNDO
Capítulo II
E que me deleitava, senão amar e ser amado? Mas eu não era moderado, indo de alma para alma de acordo com os sinais luminosos da amizade, pois, da lodosa concuspiscência de minha carne e do fervilhar da puberdade levantava-se como que uma névoa que obscurecia e ofuscava meu coração, a ponto de não discernir a serena amizade da tenebrosa libido. Uma e outra, confusamente, me abrasavam; arrastavam minha fraca idade pelo declive íngreme de meus apetites, afogando-me em um mar de torpezas. Tua ira se acumulava sobre mim, e eu não o sabia. Ensurdeci com o ruído da cadeia de minha mortalidade, e cada vez mais me afastava de ti, e tu o consentias; e me agitava, e me dissipava, e me derramava e fervia em minha devassidão, e tu te calavas - ó alegria que tão tarde encontrei! - tu te calavas então, e eu ia cada vez mais para longe de ti, sempre atrás de estéreis sementes de dores, com vil soberba e inquieto cansaço.
Oh! se alguém refreasse aquela minha miséria, para que fizesse bom uso da fugaz beleza das criaturas inferiores; limitasse suas delícias, a fim de que as vagas daquela minha idade rompessem na praia do matrimônio, já que de outro modo não podia haver paz - contendo-se nos limites da geração, como prescreve tua lei, Senhor, tu que crias o gérmen transmissor de nossa vida mortal, e que com mão bondosa podes suavisar a agudeza dos espinhos, que mantiveste fora do paraíso! Porque tua onipotência está perto de nós, mesmo quando vagueamos longe de ti.
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) pág. 52
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) pág. 52
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