Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.
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10/06/2011 (Sexta-feira)
Em Santo Agostinho, a metafísica, como se nota, ocupa lugar central, e ao homem é dado conhecer aquilo que Deus permite. Assim, novamente, a teoria da graça se expõe com força total. Enfim, nas Confissões o bispo de Hipona mostra como concilia paixão, fé e razão em seu amor à teologia. O velho e conhecido jargão agostiniano expressa-se aqui mais uma vez: "compreender para crer e crer para compreender". Nessa condição, no entanto, é necessário outra, a da perseverança, que é um dom de Deus, e, por isso, deve ser muito bem utilizada enquanto tal. Apesar de todas as reflexões feitas no sentido teológico, ainda nas Confissões se vê mais o homem Agostinho, em detrimento do teólogo e bispo Doutor da Igreja. Por que dessa forma? Porque o filho de Mônica abria-se para todos, revelando sua sensibilidade natural e tendência ao bem humano, mesmo que em sua alma ainda persistisse lutas violentas entre a paixão humana e a graça, o que o fazia tomar muito cuidado com seu livre arbítrio.
É fato que, ao ler as Confissões, ao bom leitor é possível notar o quanto o coração ardente de Agostinho continuava a pulsar. Porém, discreto, ele continuou o trabalho que começara, o de entregar-se às coisas da fé. Vivenciou intensamente o próprio dualismo que expressou em seus escritos e também a busca por uma conciliação, que às vezes aparecia e outras vezes se fazia distante, levando-o a optar pela crença no além como solução para uma alma desesperada. Não é por acaso que, ao fim de sua vida, reforça sua opção pela "Cidade de Deus" contra a "Cidade dos homens". E na sua obra, De Magistro, ensina-nos quem é o verdadeiro Mestre..
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