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GALÁXIA, ALFA, Brazil
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segunda-feira, 20 de junho de 2011

VIAGEM A ROMA ( II ) LIVRO QUINTO - CONFISSÕES

http://criadoreumso.blogspot.com
20/06/2011 (Segunda-feira)


CAPÍTULOVIII

Mas o verdadeiro motivo de eu sair de Cartago e ir para Roma só tu, ó Deus, o sabias, sem manifestá-lo a mim nem à minha mãe, que chorou amargamente minha partida, seguindo-me até o mar. Mas tive de enganá-la, porque me agarrava com força, instando-me a desistir de meu propósito ou levá-la comigo. Fingi pois que tinha de me despedir de um amigo que eu não queria abandonar, até que, soprando o vento, ele pudesse navegar. Assim enganei a minha mãe, e a uma tal mãe! Fugi, e tu também me perdoaste este pecado misericordiosamente, salvando-me a mim, cheio de execráveis imundícies, das águas do mar para que chegasse às águas de tua graça. Purificado com elas, secariam os rios dos olhos de minha mãe, com que todos os dias regava a terra diante de ti, por minha causa.


Contudo, como se recusasse a voltar sem mim, apenas pude persuadí-la a permanecer aquela noite em uma capela próxima a nosso navio, consagrada `a memória de São Cipriano. Mas naquela mesma noite parti às escondida, deixando-a a orar e a chorar. E que te pedia ela, meu Deus, com tantas lágrimas, senão que me impedisse de navegar? Mas tu, de visão infinitamente mais ampla entendendo o intuito de seu desejo, não atendeste ao que ela então te pedia, para fazer em mim aquilo que sempre te pedia.


Soprou o vento, enfunou nossas velas, e logo desvaneceu de nosso olhar a praia, onde de manhã cedo minha mãe, louca de dor, enchia de queixas e de prantos teus ouvidos insensíveis. Deixaste-me correr atrás de minhas paixões para dar fim às minhas concupiscências, castigando com o justo flagelo da dor a saudade demasiado carnal de minha mãe. Ela, como todas as mães, e ainda mais que a maioria delas, desejava manter-me junto de si, desconhecendo as grandes alegrias que lhe preparavas com minha ausência. Não o sabia, e por isso chorava e se lamentava, denunciando com esses lamentos a herança que recebera de Eva, buscando com lágrimas ao que com gemidos havia dado à luz.


Por fim, depois de ter-me chamado de mentiroso e de meu filho, pôs-se de novo a rezar por mim e voltou para sua vida habitual, enquanto eu me dirigia a Roma.
(Por Aurelius Augustinus   *354  -430) Pág. 108-109

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