http://criadoreumso.blogspot.com
02/08/2011 (Terça-feira)
02/08/2011 (Terça-feira)
CAPÍTULO XII
Não quis ler mais, nem era necessário. Quando cheguei ao fim da frase, uma espécie de luz de certeza se insinuou em meu coração, dissipando todas as trevas da dúvida.
Então, marcando com o dedo, ou não sei com que, fechei o livro, e com o rosto já tranquilo, revelei a Alípio o que se passara. Ele, por sua vez, me revelou o que acontecera com ele, e que eu ignorava. Pediu para ver o que eu tinha lido; mostrei-lhe, e ele prosseguiu a leitura. Eu ignorava o texto seguinte, que era este: Recebei ao fraco na fé¹, palavras que aplicou a si mesmo, e mo revelou. Fortificado por essa advertência, firmou-se nessa resolução e santo propósito, bem de acordo com seus costumes, nos quais já há muito tempo tomara grande vantagem sobre mim.
Fomos depois à procura de minha mãe, que ao saber do sucedido, ficou radiante. Contamo-lhe como o caso se passara: ela exultou, triunfante e bendizendo a ti, que és poderoso para dar-nos mais do que pedimos ou entendemos², porque via que lhe havias concedido, a meu respeito, muito mais do que constantemente te pedia com tristes gemidos e lágrimas.
De tal forma me converteste a ti, que já não procurava esposa, nem abrigava esperança alguma deste mundo, mas estava já naquela "regra de fé" em que há tantos anos me havias mostrado à minha mãe. E assim converteste seu pranto em alegria³, muito mais fecunda do que havia desejado, e muito mais preciosa e pura do que a que podia esperar dos netos nascidos de minha carne.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) P'g. 186.
¹ - Rom 14,1
² Ef9,20.
³ Sl 29,12
Nenhum comentário:
Postar um comentário