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06/10/2011 (Quinta-feira)
06/10/2011 (Quinta-feira)
CAPÍTULO XXXIII
Os prazeres do ouvido me prendem e subjugam com mais força, mas tu me desligaste, me libertaste.
Agradam-me ainda, eu o confesso, os cânticos que tuas palavras vivificam quando executados por voz suave e artística; todavia eles não me prendem, e dele posso me desvencilhar quando quero. Para assentarem no meu íntimo, em companhia com os pensamentos que lhes dão vida, buscam em meu coração um lugar de dignidade, mas eu me esforço para ceder-lhes só o lugar conveniente.
Às vezes parece-me tributar-lhes mais atenção do que devia: sinto que tuas palavras santas, acompanhadas do canto, me inflamam de piedade mais devota e mais ardente do que se fossem cantadas de outro modo. Sinto que as emoções da alma encontram na voz e no canto, conforme suas peculiaridades, seu modo de expressão próprio, um misterioso estímulo de afinidades.
Mas o prazer dos sentidos, que não deveria seduzir o espírito, muitas vezes me engana. Os sentidos não se limitam a seguir, humildemente, a razão; e mesmo tendo sido admitidos graças à ela, buscam precedê-la e conduzí-la. É nisso que peco sem o sentir, embora depois o perceba.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 241-242.
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