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10/04/2012 (Terça-feira)
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ILUMINE-SE! |
QUEM CONVERSA, DE FATO, COM SANTO AGOSTINHO? SEU "EU" SUPERIOR? SEU ANJO DA GUARDA? NÃO É UM DIÁLOGO, CONFORME ELE — É UM SOLILÓQUIO; SEU INTERLOCUTOR ELE CHAMA DE "RAZÃO".
O que se deve amar:
A — Fiz minha oração a Deus.
R — Então, o que desejas saber?
A — Tudo o que pedi na oração.
R — Faze um breve resumo de tudo.
A — Desejo conhecer a Deus e a alma.
R — Nada mais?
A — Absolutamente nada.
R — Então, começa a investigar, Mas explique antes como pode dizer: basta — no caso em que Deus se te dê a conhecer.
A — Não sei até que ponto Ele deva dar-se a conhecer, ao ponto que eu diga: chega! Pois não creio que eu saiba alguma coisa até o ponto como desejo conhecer a Deus.
R — Que fazer, então? Não achas que primeiro devas saber até que ponto te seja suficiente conhecer a Deus e, depois de atingir este ponto, já não procures mais?
A — Acho sim; mas não percebo como se possa fazê-lo. Por acaso compreendi algo semelhante a Deus para poder dizer: quero conhecer a Deus do mesmo modo como conheço isso?
R — Tu que ainda não conheces a Deus, como sabes que não conheces nada semelhante a Deus?
A — Porque se eu conhecesse algo semelhante a Deus, sem dúvida o amaria. Entretanto, nada mais amo além de Deus e a alma, dos quais não conheço nenhum.
R — Então não amas os teus amigos?
A — Como posso, eu que amo a alma, deixar de amá-los?
R — Portanto, amas também as pulgas e os percevejos?
R — Disse que amo a alma, não os animais.
R — Ou os homens não são amigos teus, ou não os amas; pois todo homem é animal, e tu acabaste de dizer que não amas os animais.
A — São seres humanos e eu os amo, não por serem animais, mas por serem seres humanos, isto é, pelo fato deterem almas racionais, as quais eu amo mesmo nos ladrões. Pois posso amar a razão em alguém, embora possa de direito ter aversão àquele que usa mal aquilo que amo. De modo que tanto mais amo os meus amigos, quanto melhor eles usam a alma racional, ou quanto desejem fazer bom uso dela.
(continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
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