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12/06/2011
12/06/2011
CAPÍTULO XVI
E que lucro me trazia, tendo eu vinte anos de idade, mais ou menos, e chegando-me às mãos a obra de Aristóteles, intitulada As Dez Categoria - que meu mestre, o retórico de Cartago, e outros, considerados doutos, citavam com grande ênfase e ponderação, fazendo-me suspirar por ela como por algo grandioso e divino - de que me servia ler essa obra e compreendê-la só por meio de mestres eruditíssimos, que lha haviam explicado não apenas com palavras, mas também com figuras pintadas na areia, nada me souberam dizer que eu já não tivesse entendido em minha leitura particular.
Parecia-me que essa obra falava com muita clareza das substâncias, como o homem, e das coisas que nelas se encerram, como a forma do homem; a estatura, quantos pés mede; o parentesco, de quem é irmão; onde se encontra, quando nasceu; se está de pé, sentado, calçado ou armado; se faz alguma coisa ou se padece alguma coisa, e, enfim, uma infinidade de relações que se contêm nestes nove gêneros, dos quais citei alguns exemplos, ou no própio gênero da substância, que são também inumeráveis os que encerra.
De que me aproveitava tudo isso, se até me prejudicava? Julgando que naqueles dez predicamentos se achavam compreendidas, de modo absoluto, toda as coisas, esforçava-me por compreender-te também a ti, meu Deus, ser maravilhosamente simples e imutável, como se fosse subordinado à tua grandeza e formosura, como se estas estivessem em ti como em seu sujeito, como se fosses um corpo; tua grandeza e beleza são porém uma mesma coisa contigo, ao contrário dos corpos, pois, embora fossem menores e menos belos, nem por isso deixariam de ser corpos.
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) Pág.96-97
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