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13/06/2011 (Segunda-feira)
13/06/2011 (Segunda-feira)
CAPÍTULO XVI
Era pois falso o que pensava de ti, e não verdade; ilusões de minha miséria, e não representação sólida de tua beleza. Havias ordenado, Senhor, e assim se cumpria em mim tua vontade, que a terra me produzisse abrolhos e espinhos, e que eu só conseguisse meu pão à custa de trabalho.
De que me aproveitava também ler e compreender por mim mesmo todos os livros que pudesse ter nas mãos sobre as artes chamadas liberais, se eu era então escravo de minhas más inclinações? Comprazia-me em sua leitura, sem atinar de onde vinha quanto de verdadeiro e certo achava neles; eu estava de costas para a luz, e o rosto, para os objetos iluminados, e por isso meus olhos, que os viam iluminados, não recebiam luz.
Tu sabes, Senhor, meu Deus, como sem ajuda de mestre, aprendi tudo o que li, quanto às leis da retórica, da dialética, da geometria, da música e da matemática, porque também a vivacidade da inteligência e a agudeza da intuição são dons teus. Mas não te oferecia por eles sacrifício algum, e por isso causavam-me mais dano do que proveito. Insisti em me apoderar da melhor parte de minha herança, e não guardei em ti minha força, mas afastei-me de ti para uma região longínqua, a fim de dissipá-la entre as meretrizes de minhas paixões.
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) Pág. 97
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