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23/06/2011 (Quinta-feira)
23/06/2011 (Quinta-feira)
CAPÍTULO IV
Não cuidava eu de aprender o que dizia, interessado apenas em como dizia - era este gosto frívolo o único que ainda permanecia em mim, perdidas já as esperanças de que se abrisse para o homem o caminho para ti. Todavia infiltravam-se em meu espírito, juntamente com as palavras que me agradavam, as coisas que desprezava. Já não me era possível discernir umas das outras, e assim, ao abrir meu coração à sua eloquência, nele entrava ao mesmo tempo e aos poucos, a verdade.
Pareceu-me, de bom início, que seus ensinamentos podiam ser defendidos e que as afirmações da fé católica - que eu julgava impotente contra os ataques dos maniqueus - não eram absolutamente temerárias, principalmente depois de me serem explicados uma, duas e mais vezes, as passagens obscuras do Velho Testamento que, interpretadas no sentido literal me davam a morte. Assim, interpretados no sentido espiritual muitos textos daqueles livros, comecei a repreender aquele meu desespero, que me levava a crer na impossibilidade de resistir aos que aborreciam e zombavam da lei e dos profetas.
Contudo, não me julgava na obrigação de seguir o caminho dos católicos, só porque também esta fé podia ter defensores doutos, capazes de refutar objeções com eloquência e lógica. Nem por isso me parecia que devia condenar a fé que antes abraçara, pois as armas de defesa eram iguais. Assim, se de um lado a fé católica não me parecia vencida, contudo ainda não me parecia vencedora.
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) Pág. 116
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