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28/06/2011 (Terça-feira)
28/06/2011 (Terça-feira)
CAPÍTULO XI
Era com admiração que me recordava diligentemente do longo tempo decorrido desde meus dezenove anos, quando comecei a arder no desejo da sabedoria, propondo-me, quando a achasse, abandonar todas as vãs esperanças e enganosas loucuras das paixões.
Chegado porém aos trinta anos, ainda continuava preso ao mesmo lodaçal, ávido de gozar dos bens presentes, que me fugiam e me dissipavam. Entretanto, dizia: "Amanhã hei de encontrá-la; a verdade aparecerá clara, e a abraçarei. Fausto virá, e dará todas as explicações. Ó grandes varões da Academia: é verdade que não podemos compreender nenhuma coisa com certeza para a conduta de nossa vida?
"Mas não! Procuremos com mais diligência, sem desesperarmos. Já não me parecem absurdas nas Escrituras as coisas que antes me pareciam tais: posso compreendê-las de modo diferente, mais razoável. Fixarei, pois, os pés naquele degrau em que me colocaram meus pais quando criança, até que encontre a verdade com suas evidências.
"Mas onde e quando buscá-la? Ambrósio não tem tempo livre para me ouvir, e a mim falta tempo para ler. E além do mais, onde encontrar os livros? E onde ou quando poderei comprá-los?
"Repartamos o tempo, reservemos algumas horas para a salvação da alma. Nasceu uma grande esperança: a fé católica não ensina o que eu pensava, e eu a criticava levianamente. Seus doutores têm como crime limitar Deus à figura humana; e eu ainda hesito em bater para que nos sejam reveladas as outras verdades! As horas da manhã eu dedico aos alunos; mas que faço das outras? Por que não as consagro a essa busca?
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) Pág. 133-134
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