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26/062011 (Domingo)
26/062011 (Domingo)
CAPÍTULO V
Desde esse tempo, recaía minha preferência na doutrina católica, porque ajuizava que nela houvesse mais modéstia, e não mentira, ao impor a crença no que não era demonstrado - quer porque, mesmo havendo provas, estas não fossem acessíveis a todos, quer porque não existissem. Diferente do que ocorria entre os maniqueus, que desprezavam a fé, e prometiam, com temerária arrogância, a ciência, para depois nos obrigarem a acreditar em uma infinidade de fábulas completamente absurdas, impossíveis de demonstrar.
Depois com suavidade e misericórdia, começaste, Senhor, a cuidar e a preparar aos poucos meu coração, e foi aceitando tudo o que eu acreditava sem ter visto, e a cuja realização não presenciara. Tantos fatos da história dos povos, tantas notícias sobre lugares e cidades que não vira, tudo o que aceitava acreditando em amigos, em médicos e em outras pessoas que, se não acreditássemos, não poderia dar um passo na vida. E sobretudo, que fé inabalável eu tinha em ser filho de meus pais, coisa que não poderia saber sem prestar fé no que ouvia. Então me convenceste de que os dignos de censura não são os que acreditam em teus livros, cuja autoridade estabeleceste entre todos os povos, mas os que não creem neles. E eu não devia dar ouvidos aos que talvez me dissessem: "Como sabes que esses livros foram dados aos homens pelo Espírito de Deus, único e verdadeiro?" Ora, era precisamente isto o que eu devia crer, porque nenhuma objeção caluniosa ou agressiva, das que eu havia lido nos escritos contraditórios dos filósofos, nunca conseguiram arrancar-me a certeza de tua existência, embora ignorasse o que eras, e a certeza de que o governo das coisas humanas está em tuas mãos.
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) Pág. 124-125
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