http://criadoreumso.blogspot.com
01/07/2011 (Sexta-feira)
01/07/2011 (Sexta-feira)
CAPÍTULO XII
Opunha-se Alípio a que me casasse, repetindo-me que, se o fizesse, não poderíamos dedicar-nos juntos, com segura tranquilidade, ao amor da sabedoria, como há muito desejávamos. Alípio, nessa matéria, era castíssimo de causar admiração, porque, ao entrar na juventude, experimentara o prazer carnal, mas não se prendera a ele. Antes, arrependeu-se muito, e o desprezou, vivendo depois em perfeita continência.
Eu argumentava com os exemplos dos que, embora casados, haviam se dedicado aos estudos da sabedoria, servindo a Deus, e guardando fidelidade e amor aos amigos. Contudo, eu estava longe dessa grandeza de alma. Prisioneiro da morbidade da carne, arrastava com prazer mortal minha cadeia, temendo que ela se rompesse e, rejeitando as palavras que bem me aconselhavam, como o ferido repele a mão que lhe desfaz as ataduras.
Além do mais, a serpente falava por minha boca a Alípio, e pela língua lhe tecia doces laços em seu caminho, para que seus pés honestos e livres se enredassem.
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) Pág. 135
Nenhum comentário:
Postar um comentário