13/07/2011 (Quarta-feira)
CAPÍTULO XII
Também pude entender que são boas as coisas que se corrompem. Se fossem sumamente boas, não poderiam se corromper, como tampouco o poderiam se não fossem boa de algum modo. Com efeito, se fossem sumamente boas, seriam incorruptíveis; e se não tivessem nenhuma bondade, nada haveria nelas que se pudesse corromper. Porque a corrupção é um mal, e não poderia ser nociva se não diminuísse o bem real. Logo, ou a corrupção é inofensiva, o que é impossível, ou, o que é certo, tudo o que se corrompe é privado de algum bem. E assim, se algo for privado de todo o bem, deixará totalmente de existir. E se algo subsistisse sem já poder ser corrompido, seria ainda melhor, porque permaneceria incorruptível. E haverá maior absurdo do que afirmar que uma coisa se torna melhor pela perda de todo o bem? Logo, ser privado de todo bem é o nada absoluto. De onde se segue que, enquanto as coisas existem, elas são boas. Portanto, tudo o que existe é bom; e o mal, cuja origem eu procurava, não é uma substância, porque se o fosse seria um bem. De fato, ou ele seria substância incorruptível, e portanto um grande bem; ou seria uma substância corruptível, que não poderia corromper se não fosse boa.
Vi pois, e foi fácil para mim evidente, que tu eras o autor de todos os bens, e que não há em absoluto substância alguma que não tenha sido criada por ti. E como não as fizeste todas iguais, todas as coisas existem, porque cada uma por si é boa, e todas juntas muito boas, porque nosso Deus fez todas as coisas muito boas.*
(Por Aurelius Augustinus *354 -430) Pág. 155-156
* Gên 1,31.
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