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30/07/2011 (Sábado)
30/07/2011 (Sábado)
CAPÍTULO XI
Contudo, faziam com que eu, vacilante, tardasse em me separar delas para correr para onde me chamavam, enquanto o hábito violento me dizia: "Julgas que poderás viver sem elas?""
Mas isto já dizia com voz muito débil. Para onde voltava o rosto, e por onde temia passar, mostrava-se para mim a casta dignidade da continência, serena e alegre, sem desordens, acariciando-me honestamente para que me aproximasse sem medo. Estendia para mim, para me acolher e abraçar, suas mãos piedosas, cheias de uma multidão de bons exemplos.
Junto dela, uma turba de meninos e meninas, uma juventude numerosa, e homens de toda idade, viúvas veneráveis e virgens idosas. Em todas essas almas, não era estéril, mas fecunda mãe de filhos nascidos nas alegrias do esposo, que eras tu, Senhor!
E a continência zombava de mim com ironia animadora, como se dissesse: "Então, não serás capaz de fazer o mesmo que eles? Ou será que estes e estas encontraram forças em si mesmos, e não no Senhor, seu Deus? Foi o Senhor Deus, quem me entregou a eles.
Por que te apóias em ti, se és vacilante? Lança-te nele, não temas, que ele não se apartará de ti, e tu não cairás. Lança-te com confiança, que ele te receberá e te curará.""
E enchia-me de vergonha por ainda ouvir o murmúrio daquelas bagatelas e, vacilante, continuava indeciso.
Mas de novo a voz da castidade parecia me dizer: Não dês ouvidos às tentações imundas da tua carne impura que te prende à terra¹. a fim de que seja modificada. Ela te fala de deleites, contrários porém, à lei do Senhor teu Deus².
Essa luta se desenrolava no fundo do meu espírito, de mim contra mim mesmo. Alípio, sem sair de perto de mim, aguardava em silêncio o desfecho de minha insólita agitação.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág.183-184.
¹ Col 5,3.
² SL 118,85
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