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04/08/2011 (Quinta-feira)
04/08/2011 (Quinta-feira)
CAPÍTULO IV
Por fim, chegou o dia da libertação da profissão de retórico, da qual já me libertara em pensamento. Assim aconteceu. Livraste minha língua da tarefa de que já havias livrado meu coração. Eu te bendizia contente, e parti com todos os meus, para a quinta de Verecundo. O que lá realizei nas letras, já a teu serviço, mas ainda com a respiração ofegante, como durante uma pausa da luta, e ainda respirando da soberba da erudição, é atestado pelos livros nos quais anotava meus debates com meus amigos ou comigo mesmo em tua presença*. Do que tratei com Nebrídio, então ausente, claramente o indicam minhas cartas.
Mas quando encontrarei tempo suficiente para dar testemunho de todos os grandes benefícios que me concedeste nessa época da vida, uma vez que tenho pressa de chegar a outros assuntos mais importantes? Volta-me - e me é doce confessá-lo, Senhor - a lembrança dos estímulos internos com que me domaste; o modo como me aplanaste a alma derrubando as colinas e montanhas de meus pensamentos, como endireitaste meus caminhos tortuosos e suavizaste minhas asperezas; como também submeteste Alípio - o irmão de meu coração - ao nome de teu Filho único, Jesus Cristo, Senhor e Salvador nosso, nome que ele mal suportava em minhas obras, porque preferia o cheiro dos soberbos cedros das escolas, já abatidos pelo Senhor¹, ao odor das salutares ervas de tua Igreja, antídoto contra o veneno das serpentes.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430)Pag. 191-192
* Refere-se aos seguintes livros: Contra Academicos, De beata vita, De ordinare e dos Solilóquios.
¹ Sl 28,5.
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