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12/09/2011 (Segunda-feira)
12/09/2011 (Segunda-feira)
CAPÍTULO XV
Mas quem poderá explicar se a recordação se faz por meio de imagens ou não?
Por exemplo: se digo pedra, ou digo sol, sem que tais objetos estejam presentes a meus sentidos, certamente tenho suas imagens na memória, à minha disposição.
Evoco uma dor do corpo, que está ausente de mim, já que nada me dói. Contudo, se a imagem da dor não estivesse em minha memória, não saberia o que dizia, e ao raciocinar não a distinguiria do prazer.
Falo de saúde do corpo, estando são; neste caso, está em mim o próprio objeto. No entanto, se sua imagem não estivesse em minha memória, de modo algum lembraria o significado dessa palavra. Os doentes, ouvindo falar de saúde , não saberiam do que se trata, não fosse o poder da memória a conservar a imagem na ausência da realidade.
Falo dos números com que calculamos, e eles se apresentam na memória, não suas imagens, mas os próprios números.
Evoco a imagem do sol, e esta se apresenta à minha memória; e não evoco a imagem de uma imagem, mas a própria imagem, disponível à recordação.
Falo em memória, e reconheço o que falo; mas de onde o sei, senão da própria memória? Estará ela presente a si própria por sua imagem, e não por si mesma?
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág.225.
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