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30/09/2011 (Sexta-feira)
30/09/2011 (Sexta-feira)
CAPÍTULO XXX
E por que, muitas vezes, mesmo no sono, resistimos, lembrados de nosso propósito, e nele permanecemos castos, negando o consentimento a tais seduções? Todavia, a diferença é tanta que, no caso de não resistir durante o sono, ao acordar voltamos a encontrar a paz de consciência; e a própria diferença entre os dois estados indica que não fomos nós que fizemos aquilo, e lamentamos o que se fez em nós.
Senhor onipotente, não poderia tua mão curar todas as enfermidades de minha alma, abolindo também, com maior abundância de graça, os movimentos lascivos de meu sono? Cada vez mais multiplica, Senhor, o número de tuas bondades para comigo, para que minha alma, livre do visco da concupiscência, siga até chegar a ti. Para que não seja rebelde, nem mesmo durante o sono; para que, pelo estímulo de imagens bestiais, não só não cometa essas torpezas degradantes até a lascívia carnal, mas que nem mesmo consinta nisso.
Não é muito para ti, ó Todo Poderoso, que podes fazer mais do que pedimos e compreendemos¹, fazer com que, quer na minha idade presente, quer na minha vida futura, eu me deleite nessas tentações - mesmo que sejam tão pequenas, que o primeiro esforço as venceria, quando adormeço com pensamentos castos.
Agora digo exultando ao meu Senhor em que estado me encontro neste gênero de pecado, com tremor² pelos dons que já me concedeste, e gemendo pelas minhas imperfeições. Espero que aperfeiçoes em mim tuas misericórdias, até que atinja a plenitude da paz de que gozarão em ti meu espírito e meu corpo, quando a morte for absorvida pela vitória³.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág.237-238.
¹ Ef 3,20.
² SL 2,11
³ Cor 15,54
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