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29/09/2011 (Quinta-feira)
29/09/2011 (Quinta-feira)
CAPÍTULO XXX
Ordenas que me abstenha da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da ambição do século¹. Proibiste as uniões luxuriosas, e embora tenhas permitido o casamento, ensinaste que há um estado bem melhor. E, pela tua graça, optei por esse estado, antes mesmo de me tornar dispensador de teu sacramento.
Mas em minha memória, de que falei longamente, vivem ainda as imagens dessas voluptuosidades que meus costumes de outrora ali gravaram. Sem forças diante de mim quando estou acordado, durante o sono, elas não somente suscitam em mim o prazer, mas o consentimento do prazer e a ilusão da ação. Tais ilusões têm tal poder sobre minha alma e sobre meu corpo, apesar de tão falsas, que seus fantasmas impelem a meu sono o que a realidade não me pode induzir quando em vigília. Acaso então, Senhor meu Deus, será que eu não sou eu nessas horas? E como vai tão grande diferença dentro de mim mesmo, do momento em que passo da vigília para o sono e vice-versa! Onde pois está a razão, que durante a vigília resiste a tais sugestões, e que não se abala mesmo diante da realidade? acaso se fecha juntamente com os olhos? Ou adormece com os sentidos do corpo?
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 236-237.
¹ Jo 2,16.
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