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03/10/2011 (Segunda-feira)
03/10/2011 (Segunda-feira)
CAPÍTULO XXXI
Ouvi ainda de ti outra palavra: "Não corras atrás de tuas concupiscências, e reprimes teus apetites¹." - Tua graça ainda me fez ouvir outra palavra, de que tanto gostei: "Se comemos, não termos abundância; e se não comemos, não sofrermos privação²." - Ou seja: nem isto me fará rico, nem aquilo pobre. - E ouvi ainda esta outra: "Aprendi a me contentar com o que tenho: sei viver na abundância e suportar a penúria. Tudo posso naquele que me fortalece³." - Eis como fala o bom soldado da milícia celeste: nada parecido ao pó que somos. Mas, Senhor, lembra-te de que somos pó, e que de pó fizeste o homem; que este havia se perdido, e que foi reencontrado⁴.
Por si mesmo, formado do mesmo pó que nós, nada podia aquele cujas palavras inspiradas tanto amei: "Tudo posso naquele que me fortalece⁵." - Concede-me forças, para que eu possa. Dá-me o que mandas, e manda o que quiseres. Paulo confessa que tudo recebeu de ti, e, quando se gloria, é no Senhor que ele se gloria⁶.
Ouvi também outro que te pedia esta graça: "Afasta de mim a intemperança⁷." - De onde se conclui claramente, ó Deus santo, que dás a força de cumprir o que mandas.
"Tu me ensinas, Pai bondoso, que tudo é puro para os puros. Mas que é mau para o homem comer com escândalo⁸; que tudo o que fizeste é bom, e que nada deve ser rejeitado do que se recebe com ação de graças; que os alimentos não nos recomendam a Deus⁹, que ninguém nos deve julgar pela comida ou pela bebida; que o que come não deve desprezar o que não come, e que o que não come não deve julgar o que come¹⁰." - Por essas lições, graças e louvores te dou, meu Deus, meu Mestre, que bateste à porta de meus ouvidos e iluminaste meu coração. Livra-me de toda tentação. Não receio a impureza dos alimentos, mas a impureza do prazer.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 239-240.
¹ Eclo (?) 18,30.
² I Cor 8,8.
³ Flp 4,11.
⁴ Lc 15,24.
⁵ Flp 4,13.
⁶ I Cor 1,31.
⁷ Eclo (?) 23,6.
⁸ Rom 14,20.
⁹ I Tim 4,4.
₁₀ Col 2,16.
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