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04/10/2011 (Terça-feira)
04/10/2011 (Terça-feira)
CAPÍTULO XXXI
Sei que Noé teve permissão de comer toda espécie de carne que pudesse servir de alimento, e que Elias comeu carne para reparar as forças; sei que João Batista, asceta admirável, não se manchou com os animais - os gafanhotos - de que se alimentava. Todavia eu sei que Esaú deixou-se enganar pelo desejo de um prato de lentilhas; que Davi se repreendeu a si mesmo por ter desejado água; que nosso Rei foi submetido à tentação, não de carne, mas de pão. Por isso o povo foi justamente repreendido no deserto, não por ter desejado comer carne, mas porque o desejo o fez murmurar contra o Senhor.
Exposto a essas tentações, luto diuturnamente contra a concupiscência do comer e do beber, pois não é coisa que se possa cortar de uma vez por todas, apenas com o propósito de nunca mais recair, como fiz com a luxúria. É uma rédea imposta a meu paladar, ora para afrouxá-la, ora para retesá-la. E quem é, Senhor, que não se deixa arrastar às vezes além dos limites do necessário? Se existe alguém assim, é de fato grande, e deve engrandecer teu nome. Eu porém não sou desse número, porque sou pecador. Contudo, também engrandeço teu nome, e Aquele que venceu o mundo intercede junto a ti por meus pecados¹. Conta-me entre os membros enfermos de seu corpo, porque teus olhos viram minhas imperfeições e porque todos serão inscritos em teu livro².
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 240-241.
¹ Rom 8,34.
² SL 138,16.
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