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18/10/2011 (Terça-feira)
18/10/2011 (Terça-feira)
CAPÍTULO XXXVII
Às vezes também me entristeço com os elogios que me fazem, quando louvam em mim qualidades que me desagradam, ou quando dão muita importância a qualidades medíocres e secundárias.
Mas, repito-o, como saber se o desagrado não provém de minha repugnância pelo louvor que destoa do meu juízo a respeito de mim mesmo, - não que seu interesse me preocupe - mas pelo maior agrado que sinto quando o bem que amo em mim é amado pelos outros? De algum modo, não me considero louvado quando o elogio contradiz a opinião que tenho de mim mesmo, quer o encômio seja para o que me desagrada, quer exagerando o valor do que pouco me agrada. Serei, pois, sobre isso tudo um enigma para mim mesmo?
Mas é em Ti, ó Verdade, que percebo que devo me alegrar com os louvores que me dirigem, não em meu interesse, mas no interesse do próximo. Não sei se é este o meu caso, pois neste assunto me conheces melhor do que eu mesmo. Suplico-Te, meu Deus, que me dês a conhecer a mim mesmo, para que eu possa confessar a meus irmãos, dispostos a orar por mim, as chagas que achar em mim. Faze que me examine com mais diligência. Se for de fato o bem do próximo que me alegra quando me louvam, porque sou menos sensível ao vitupério injustamente feito a outro, do que se o fosse a mim? Porque o aguilhão da injúria me faz sofrer mais do que a injúria igualmente injusta feita a uma outra pessoa diante de mim? Acaso também ignoro isto? Deveria então concluir que me iludo, e que meu coração e minha língua burlam diante de Ti a verdade?
Afasta de mim, Senhor, esta loucura, para que minhas palavras não sejam para mim óleo de pecador para ungir minha cabeça¹.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 250
¹ Sl 140,5.
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