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24/11/2011 (Quinta-feira)
OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
Meu desejo é conhecer o valor e a natureza do tempo, com o qual medimos os movimentos dos corpos, e dizemos, por exemplo, que um movimento é, quanto ao tempo, duas vezes mais longe do que outro. É isto que desejo saber: denominamos dia, não somente o período de tempo que o sol está sobre a terra, e que dá origem à distinção entre dia e noite, mas também ao giro completo de oriente a oriente, pelo qual dizemos:* "Passaram-se tantos dias". E como compreendemos por dia também as respectivas noites, sem excluí-las. Ora, se o dia se completa pelo movimento de rotação do sol de oriente a oriente, procuro saber se o dia é o próprio movimento ou o intervalo de tempo durante o qual esse movimento realiza, ou as duas coisas. Se o dia fosse o movimento do sol, teríamos um dia, mesmo se o sol completasse aquele seu percurso no intervalo de uma hora. Se a duração do percurso do sol constituísse o dia, não haveria um dia se o intervalo entre um nascer a outro do sol durasse apenas uma hora. Seria preciso que o sol desse vinte e quatro voltas para completar um dia.* Se um dia consistisse no movimento do sol e na duração desse movimento, não se poderia chamar de dia ao giro do sol que se completasse em uma hora, nem, na hipótese de o sol parar, ao espaço de tempo que ele utiliza hoje para percorrer o circuito habitual de uma a outra manhã.* Portanto, não me pergunto mais o que seja o dia, e sim o tempo, este tempo com o qual medimos o movimento de rotação do sol. Assim poderíamos dizer que tal movimento foi completado em um tempo que é a metade do habitual, se executados em doze horas. Comparando as duas durações, diremos que uma é simples e a outra é dupla, ainda que o sol empregasse, de um nascer a outro, às vezes o tempo simples, outras vezes o tempo duplo. Portanto, ninguém me diga que o tempo é o movimento dos corpos celestes. Porque, quando o sol parou a pedido de um homem1 para que pudesse concluir vitoriosamente uma batalha, o sol estava parado, mas o tempo continuava a passar. Com efeito, aquela batalha foi conduzida a termo no espaço de tempo que lhe era suficiente. Vejo portanto, que o tempo é uma espécie de extensão. Será que o percebo realmente, ou tenho a ilusão de viver? Mostra-me Tu, ó Luz, ó Verdade.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
* Grifos do blogueiro — Àquela época o Sistema solar era desconhecido, e na teoria vigente, a terra era o centro do universo; o que não invalida os questionamentos augustinianos, até hoje, pertinentes.
1 Cf. Js 10,12s.
OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
Meu desejo é conhecer o valor e a natureza do tempo, com o qual medimos os movimentos dos corpos, e dizemos, por exemplo, que um movimento é, quanto ao tempo, duas vezes mais longe do que outro. É isto que desejo saber: denominamos dia, não somente o período de tempo que o sol está sobre a terra, e que dá origem à distinção entre dia e noite, mas também ao giro completo de oriente a oriente, pelo qual dizemos:* "Passaram-se tantos dias". E como compreendemos por dia também as respectivas noites, sem excluí-las. Ora, se o dia se completa pelo movimento de rotação do sol de oriente a oriente, procuro saber se o dia é o próprio movimento ou o intervalo de tempo durante o qual esse movimento realiza, ou as duas coisas. Se o dia fosse o movimento do sol, teríamos um dia, mesmo se o sol completasse aquele seu percurso no intervalo de uma hora. Se a duração do percurso do sol constituísse o dia, não haveria um dia se o intervalo entre um nascer a outro do sol durasse apenas uma hora. Seria preciso que o sol desse vinte e quatro voltas para completar um dia.* Se um dia consistisse no movimento do sol e na duração desse movimento, não se poderia chamar de dia ao giro do sol que se completasse em uma hora, nem, na hipótese de o sol parar, ao espaço de tempo que ele utiliza hoje para percorrer o circuito habitual de uma a outra manhã.* Portanto, não me pergunto mais o que seja o dia, e sim o tempo, este tempo com o qual medimos o movimento de rotação do sol. Assim poderíamos dizer que tal movimento foi completado em um tempo que é a metade do habitual, se executados em doze horas. Comparando as duas durações, diremos que uma é simples e a outra é dupla, ainda que o sol empregasse, de um nascer a outro, às vezes o tempo simples, outras vezes o tempo duplo. Portanto, ninguém me diga que o tempo é o movimento dos corpos celestes. Porque, quando o sol parou a pedido de um homem1 para que pudesse concluir vitoriosamente uma batalha, o sol estava parado, mas o tempo continuava a passar. Com efeito, aquela batalha foi conduzida a termo no espaço de tempo que lhe era suficiente. Vejo portanto, que o tempo é uma espécie de extensão. Será que o percebo realmente, ou tenho a ilusão de viver? Mostra-me Tu, ó Luz, ó Verdade.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
* Grifos do blogueiro — Àquela época o Sistema solar era desconhecido, e na teoria vigente, a terra era o centro do universo; o que não invalida os questionamentos augustinianos, até hoje, pertinentes.
1 Cf. Js 10,12s.
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