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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
QUEM CONVERSA, DE FATO, COM AGOSTINHO? SEU "EU" SUPERIOR? SEU ANJO DA GUARDA? NÃO É UM DIÁLOGO, CONFORME ELE — É UM SOLILÓQUIO.
(continuação)
Conhecimento fundamentado ( II ):
R — Portanto, não duvidas em denominar ciência esta disciplina, se é que tens alguma?
A — Não, com a permissão dos estoicos, que a ninguém mais atribuem a ciência senão ao sábio. Não nego, em sã consciência, que possuo a percepção deles, a qual eles atribuem também a ignorância. Mas tampouco os temo. Ao contrário, tenho como ciência o conhecimento das coisas sobre as quais me perguntaste. Prossiga, quero ver até onde chegas com essas perguntas.
R — Não tenha pressa; nada temos a fazer. Apenas tem cuidado ao concordar para não aceder temerariamente a alguma coisa. Desejo que tenhas prazer em coisas para as quais não tenhas de temer algum fim. E como se isso fosse algo de pouco valor, me fazes apressar.
A — Queira Deus conduzir como dizes. Por isso, peço-te que, a teu critério, eu seja mais severamente repreendido se daqui em diante algo ocorrer.
R — É evidente para ti que uma linha não pode de modo algum ser dividida longitudinalmente em duas linhas?
A — É evidente.
R — E transversalmente?
A — Pode ser cortada ao infinito.
R — E quanto à esfera, parece-te também evidente que, dentre os círculos traçados de qualquer ponto a partir do centro, não possa haver sequer dois círculos iguais?
A —Plenamente evidente.
R — E o que achas: a linha e a esfera são algo idêntico ou diferem entre si?
A — Quem não vê que são muito diferentes?
R — Se conheces igualmente ambas as coisas e, contudo, como afirmas, elas diferem muito entre si, então há uma mesma ciência de coisas diferentes.
A — Quem o negou?
R — Tu mesmo, há pouco. Pois quando te perguntei até que ponto desejas conhecer a Deus para poder dizer "é o bastante", respondeste que não podias explicar porque não tinhas conhecimento de nada até o ponto como desejas conhecer a Deus. Então, como ficamos: a linha e a esfera são semelhantes?
A — Quem o disse?
R — Eu te havia perguntado não se havias conhecido algo semelhante a Deus, mas sim se conhecias algo até o ponto como desejas conhecê-Lo. Ora, conheces a linha do mesmo modo como conheces a esfera. Então, responde-me se te é suficiente conhecer a Deus como conheces a esfera geométrica, isto é, ter conhecimento de Deus de tal modo que não venhas a duvidar.
(continua)
(Por Aurelius Agustinus *354 +430).
14/04/2012 (Sábado)
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QUEM CONVERSA, DE FATO, COM AGOSTINHO? SEU "EU" SUPERIOR? SEU ANJO DA GUARDA? NÃO É UM DIÁLOGO, CONFORME ELE — É UM SOLILÓQUIO.
(continuação)
Conhecimento fundamentado ( II ):
R — Portanto, não duvidas em denominar ciência esta disciplina, se é que tens alguma?
A — Não, com a permissão dos estoicos, que a ninguém mais atribuem a ciência senão ao sábio. Não nego, em sã consciência, que possuo a percepção deles, a qual eles atribuem também a ignorância. Mas tampouco os temo. Ao contrário, tenho como ciência o conhecimento das coisas sobre as quais me perguntaste. Prossiga, quero ver até onde chegas com essas perguntas.
R — Não tenha pressa; nada temos a fazer. Apenas tem cuidado ao concordar para não aceder temerariamente a alguma coisa. Desejo que tenhas prazer em coisas para as quais não tenhas de temer algum fim. E como se isso fosse algo de pouco valor, me fazes apressar.
A — Queira Deus conduzir como dizes. Por isso, peço-te que, a teu critério, eu seja mais severamente repreendido se daqui em diante algo ocorrer.
R — É evidente para ti que uma linha não pode de modo algum ser dividida longitudinalmente em duas linhas?
A — É evidente.
R — E transversalmente?
A — Pode ser cortada ao infinito.
R — E quanto à esfera, parece-te também evidente que, dentre os círculos traçados de qualquer ponto a partir do centro, não possa haver sequer dois círculos iguais?
A —Plenamente evidente.
R — E o que achas: a linha e a esfera são algo idêntico ou diferem entre si?
A — Quem não vê que são muito diferentes?
R — Se conheces igualmente ambas as coisas e, contudo, como afirmas, elas diferem muito entre si, então há uma mesma ciência de coisas diferentes.
A — Quem o negou?
R — Tu mesmo, há pouco. Pois quando te perguntei até que ponto desejas conhecer a Deus para poder dizer "é o bastante", respondeste que não podias explicar porque não tinhas conhecimento de nada até o ponto como desejas conhecer a Deus. Então, como ficamos: a linha e a esfera são semelhantes?
A — Quem o disse?
R — Eu te havia perguntado não se havias conhecido algo semelhante a Deus, mas sim se conhecias algo até o ponto como desejas conhecê-Lo. Ora, conheces a linha do mesmo modo como conheces a esfera. Então, responde-me se te é suficiente conhecer a Deus como conheces a esfera geométrica, isto é, ter conhecimento de Deus de tal modo que não venhas a duvidar.
(continua)
(Por Aurelius Agustinus *354 +430).
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