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GALÁXIA, ALFA, Brazil
Simples como a brisa, complexo como nós. Nascido em 25/5/1925.

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domingo, 27 de maio de 2012

DEDICATÓRIA A MÂNLIO TEODORO — A VIDA FELIZ

27/05/2012 (Domingo)




ILUMINE-SE!
OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


A viagem em direção ao porto da Sabedoria.

Se fosse possível atingir o porto da Filosofia — único ponto de acesso à região e à terra firme da vida feliz —, numa caminhada exclusivamente dirigida pela razão e conduzida pela vontade, talvez não fosse temerário afirmar, ó magnânimo e ilustre Teodoro, que o número dos homens a lá chegar seria ainda mais diminuto do que aqueles que atualmente aportam a esse porto, já tão raros e escassos se apresentam eles.

Com efeito, estamos lançados neste mundo, como em mar tempestuoso, e por assim dizer, ao acaso e à aventura — seja por Deus, seja pela natureza, seja pelo destino (necessitas), seja ainda por nossa própria vontade. Sucessivamente, por algumas dessas conjunturas, ou talvez, por todas elas reunidas. A questão é muito obscura, mas tu já resolveste desvendá-la.

Poucos saberiam qual o caminho do retorno ou que esforços empenhar, caso não se levantasse alguma tempestade — consideradas pelos insensatos como calamitosa —, para dirigí-lo à terra de suas ardentes aspirações. Pois são navegantes ignorantes e erradios.

Três tipos de navegantes rumo à Filosofia

Entre os homens susceptíveis de serem acolhidos pela Filosofia, creio distinguir como que três espécies de navegantes. 

A primeira é daqueles que, tendo chegado à idade em que a razão domina, afastam-se da terra, mas não demasiadamente. Com pequeno impulso e algumas remadas chegam a fixar-se em algum lugar de tranquilidade, de onde manifestam sinais luminosos, por meio de obras realizadas na intenção de atingir o maior número possível de seus concidadãos, para estimulá-los a virem ao seu encalço.

A segunda espécie de navegantes, ao contrário da primeira, é constituída dos que, iludidos pelo aspecto falacioso do mar, optam por lançar-se ao longe. Ousam aventurar-se distante de sua pátria e, com frequência, esquecem-se dela. Se a esses, não sei por qual inexplicável mistério, sopra-lhes vento em poupa, perdem-se nos mais profundos abismos da miséria. Consideram-nos, porém, como fator de gozo e orgulho, pois de todo lado lhe sorri a falsa serenidade de prazeres e honras. A tais enfatuados, o que se pode desejar de mais benéfico do que algum revés ou contrariedade? E se tal não fosse suficiente, augurar que caia sobre eles forte tempestade, soprem ventos adversos para os levar de volta — mesmo chorando e gemendo — às alegrias firmes e seguras.


Nessa segunda categoria, entretanto, sucede que alguns, por não se terem arriscado longe demais, são trazidos de volta ao porto, graças a adversidade menos danosa. Tais, por exemplo, os que sofrem alguma vicissitude em seus bens ou grave dificuldade em seus negócios. A esse contato, acordam, de certa forma, no porto de onde não mais os tirará nenhuma promessa, nenhum sorriso ilusório do mar.


Finalmente, há terceira categoria de navegantes, a meio-termo entre as outras duas. Compreende os que, desde o limiar da adolescência ou após terem sido longa e prudentemente balançados pelo mar, não deixam de dar sinais de se recordarem da doce pátria, ainda que no meio de vagalhões. Poderiam então recuperá-la, de imediato, sem se deixar desviar ou atrasar. Frequentemente, porém, acontece que perdem a rota em meio a nevoeiros, ou fixam astros que declinam no horizonte. Deixam-se reter pelas doçuras do percurso. Perdem a boa oportunidade do retorno. Erram longamente e, muitas vezes, correm até o risco de naufrágio. A tais homens sucede, por vezes, que alguma infelicidade advém, em meio às suas frágeis prosperidades, como por exemplo, uma tempestade a desbaratar seus projetos. Serão assim reconduzidos à desejadíssima e aprazível pátria, onde recuperarão o sossego.
(Continua)


(Por Aurelius Augustinus *354 +430). 

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