26/05/2012 (Sábado)
ILUMINE-SE!
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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
(Continuação)
A Vida Feliz — Introdução III:
A essência da obra:
Na obra A Trindade, escrita uns vinte anos após sua conversão à vida cristã, Agostinho mostra quanto mudou de óptica, a respeito da felicidade, ao comentar essa máxima de Terêncio: querer o que se pode, quando não se pode o que se quer. Agostinho reconsidera-a assim: "Essa é a felicidade ridícula, ou digna de compaixão dos mortais soberbos que se gloriam de viver como querem, por terem de suportar com paciência o que certamente desejariam evitar. Conselho esse, dizem eles, sabiamente dado por Terêncio: "Porque não é possível fazer o que queres, deseja o que podes". Máxima essa bastante cômoda, quem o nega? O viver em plena felicidade não é próprio desta vida mortal. Só o será quando aparecer a imortalidade... Sem a imortalidade não existe a felicidade"(Lc 13,7-10).
No presente diálogo, embora ainda não fruto de longa experiência cristã, Agostinho rompe com a tradição filosófica e propõe não mais a filosofia como porto da felicidade, mas a posse de Deus. Só a posse de Deus garante e produz a felicidade: se alguma coisa merece ser designada como dom de Deus, certamente é a vida feliz.
Agostinho estabelece, então, uma relação sistemática entre os escritos filosóficos antigos, que trataram deste tema fundamental, e sua visão de convertido ao cristianismo, para elaborar o estudo da felicidade. Na sua ampla produção, expõe com clareza: o fundamento e o ponto de partida; o conceito de felicidade; as condições da felicidade como estado; o objetivo verdadeiro no qual ela consiste e o ato beatificante; a falsa felicidade; o meio para chegar à felicidade verdadeira; a felicidade terrestre e a felicidade perfeita.
Num primeiro momento, superando a "soteriologia" produzida pelo conhecimento perfeito dos gnósticos e da ética estoica, centrada na posse e no gozo de si mesmo, a tese principal que Agostinho desenvolve, em A vida feliz, é esta: a vida feliz consiste no perfeito conhecimento de Deus. Por isso, ele não faz consistir a felicidade na posse ou no gozo de qualquer bem criado, mas só na posse ou gozo do Bem absoluto e perfeito.
A vida feliz sobre a terra é possível somente na esperança. A relação entre a sabedoria, a verdade e a medida, remonta Agostinho à mesma fonte da perfeita felicidade: "Pois a perfeita plenitude das almas, a qual torna a vida feliz, consiste em conhecer piedosa e perfeitamente: — Por quem somos guiados até a Verdade (o Pai); — e qual Verdade gozamos (o Filho); — e por qual vínculo estamos unidos à Suma Medida (o Espírito Santo) (IV,35). A felicidade está centrada no conhecimento da Verdade na interioridade da alma. Conhecimento que, ao mesmo tempo, é posse e gozo de Deus: "feliz quem possui Deus". A sabedoria que nos dá a felicidade consiste em fruir, deleitar-se em Deus, a Verdade infinita, nosso Bem Supremo e Imutável. Nossa perfeição moral e nossa felicidade consistem em conhecer e amar este Sumo Bem.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
A essência da obra:
Na obra A Trindade, escrita uns vinte anos após sua conversão à vida cristã, Agostinho mostra quanto mudou de óptica, a respeito da felicidade, ao comentar essa máxima de Terêncio: querer o que se pode, quando não se pode o que se quer. Agostinho reconsidera-a assim: "Essa é a felicidade ridícula, ou digna de compaixão dos mortais soberbos que se gloriam de viver como querem, por terem de suportar com paciência o que certamente desejariam evitar. Conselho esse, dizem eles, sabiamente dado por Terêncio: "Porque não é possível fazer o que queres, deseja o que podes". Máxima essa bastante cômoda, quem o nega? O viver em plena felicidade não é próprio desta vida mortal. Só o será quando aparecer a imortalidade... Sem a imortalidade não existe a felicidade"(Lc 13,7-10).
No presente diálogo, embora ainda não fruto de longa experiência cristã, Agostinho rompe com a tradição filosófica e propõe não mais a filosofia como porto da felicidade, mas a posse de Deus. Só a posse de Deus garante e produz a felicidade: se alguma coisa merece ser designada como dom de Deus, certamente é a vida feliz.
Agostinho estabelece, então, uma relação sistemática entre os escritos filosóficos antigos, que trataram deste tema fundamental, e sua visão de convertido ao cristianismo, para elaborar o estudo da felicidade. Na sua ampla produção, expõe com clareza: o fundamento e o ponto de partida; o conceito de felicidade; as condições da felicidade como estado; o objetivo verdadeiro no qual ela consiste e o ato beatificante; a falsa felicidade; o meio para chegar à felicidade verdadeira; a felicidade terrestre e a felicidade perfeita.
Num primeiro momento, superando a "soteriologia" produzida pelo conhecimento perfeito dos gnósticos e da ética estoica, centrada na posse e no gozo de si mesmo, a tese principal que Agostinho desenvolve, em A vida feliz, é esta: a vida feliz consiste no perfeito conhecimento de Deus. Por isso, ele não faz consistir a felicidade na posse ou no gozo de qualquer bem criado, mas só na posse ou gozo do Bem absoluto e perfeito.
A vida feliz sobre a terra é possível somente na esperança. A relação entre a sabedoria, a verdade e a medida, remonta Agostinho à mesma fonte da perfeita felicidade: "Pois a perfeita plenitude das almas, a qual torna a vida feliz, consiste em conhecer piedosa e perfeitamente: — Por quem somos guiados até a Verdade (o Pai); — e qual Verdade gozamos (o Filho); — e por qual vínculo estamos unidos à Suma Medida (o Espírito Santo) (IV,35). A felicidade está centrada no conhecimento da Verdade na interioridade da alma. Conhecimento que, ao mesmo tempo, é posse e gozo de Deus: "feliz quem possui Deus". A sabedoria que nos dá a felicidade consiste em fruir, deleitar-se em Deus, a Verdade infinita, nosso Bem Supremo e Imutável. Nossa perfeição moral e nossa felicidade consistem em conhecer e amar este Sumo Bem.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
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