25/05/2012 (Sexta-feira)
ILUMINE-SE!
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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
(Continuação)
A Vida Feliz — Introdução II:
A importância do tema na Antiguidade:
Os grandes filósofos da Antiguidade dedicavam-se à filosofia como caminho que conduz à felicidade. De maneira simplificada, poderíamos dizer que o esquema filosófico era este: há uma filosofia especulativa e uma filosofia prática. A ética e a política pertencem a filosofia prática porque dizem respeito à conduta dos homens e aos fins que querem atingir. As ações humanas objetivam alcançar os "fins", os "bens". Tanto as ações humanas quanto os "fins-bens" particulares para os quais tendem, subordinam-se a um "fim último". Este "fim último" é o "bem supremo" que os homens sensatos concordam em chamar de "felicidade". Mas que coisa é a felicidade? O prazer e o gozo para uns. A honra, a riqueza, a glória para outros.
Filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, combateram estas concepções "materialistas", "mundanas" de felicidade. Para eles, a felicidade, isto é, a posse do "bem supremo" consiste em aperfeiçoar-se como homem, ou seja, em desenvolver aquelas atividades que diferenciam o homem de todas as outras coisas. Aristóteles chega até mesmo a dizer que empregar a vida para se conseguir o prazer torna-nos "semelhantes aos escravos" e lança-nos numa vida "digna dos animais". O sucesso é algo extrínseco que não depende de nós, mas de quem no-lo confere. A riqueza torna o homem insensato, pois quem quiser viver feliz deve viver segundo a razão, não segundo a riqueza.
Cícero torna-se o grande divulgador, em língua latina, das filosofias gregas, particularmente do estoicismo e do epicurismo, fundindo-os num ecletismo. Na sua obra De finibus bonorum et malorum e certamente também no Hortensius, Cícero tratou frequentemente desse tema. Agostinho adota, sem hesitação, essas ideias ao expor a atitude do sábio diante dos bens materiais, e ao fazer consistir a felicidade na razão. Mais tarde, nas Retrationes, lamentará ter escrito que a felicidade reside unicamente na alma do sábio, seja qual for o estado do seu corpo. Para os estoicos, especialmente, o sábio era o homem perfeito e o mais equilibrado da humanidade. Corrigindo-se, Agostinho dirá que não existe senão uma vida que mereça ser chamada feliz: a vida futura. Nesse período, participava ainda da mentalidade dos filósofos da Antiguidade. Suas primeiras obras ressoam os ecos dessa filosofia, que, pouco a pouco, sublinhará e enriquecerá com os valores cristãos. Recém-convertido, não havia ainda aprofundado nas Escrituras e pouco ou nada sabia da literatura exegética, apologética, dogmática e histórica dos Padres que o precederam. Ainda em Retrationes 3, expressando certo arrependimento do que escrevera nesse período, declara: " ... estão elas (as obras deste período) cheias dos hábitos literários do século. Tais livros podem ser lidos com utilidade, se forem perdoadas algumas faltas. Desse modo, todos os que lerem tais escritos não me imitem nos erros, e sim nos progressos que vim a fazer, em vista de melhorar".
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
A importância do tema na Antiguidade:
Os grandes filósofos da Antiguidade dedicavam-se à filosofia como caminho que conduz à felicidade. De maneira simplificada, poderíamos dizer que o esquema filosófico era este: há uma filosofia especulativa e uma filosofia prática. A ética e a política pertencem a filosofia prática porque dizem respeito à conduta dos homens e aos fins que querem atingir. As ações humanas objetivam alcançar os "fins", os "bens". Tanto as ações humanas quanto os "fins-bens" particulares para os quais tendem, subordinam-se a um "fim último". Este "fim último" é o "bem supremo" que os homens sensatos concordam em chamar de "felicidade". Mas que coisa é a felicidade? O prazer e o gozo para uns. A honra, a riqueza, a glória para outros.
Filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, combateram estas concepções "materialistas", "mundanas" de felicidade. Para eles, a felicidade, isto é, a posse do "bem supremo" consiste em aperfeiçoar-se como homem, ou seja, em desenvolver aquelas atividades que diferenciam o homem de todas as outras coisas. Aristóteles chega até mesmo a dizer que empregar a vida para se conseguir o prazer torna-nos "semelhantes aos escravos" e lança-nos numa vida "digna dos animais". O sucesso é algo extrínseco que não depende de nós, mas de quem no-lo confere. A riqueza torna o homem insensato, pois quem quiser viver feliz deve viver segundo a razão, não segundo a riqueza.
Cícero torna-se o grande divulgador, em língua latina, das filosofias gregas, particularmente do estoicismo e do epicurismo, fundindo-os num ecletismo. Na sua obra De finibus bonorum et malorum e certamente também no Hortensius, Cícero tratou frequentemente desse tema. Agostinho adota, sem hesitação, essas ideias ao expor a atitude do sábio diante dos bens materiais, e ao fazer consistir a felicidade na razão. Mais tarde, nas Retrationes, lamentará ter escrito que a felicidade reside unicamente na alma do sábio, seja qual for o estado do seu corpo. Para os estoicos, especialmente, o sábio era o homem perfeito e o mais equilibrado da humanidade. Corrigindo-se, Agostinho dirá que não existe senão uma vida que mereça ser chamada feliz: a vida futura. Nesse período, participava ainda da mentalidade dos filósofos da Antiguidade. Suas primeiras obras ressoam os ecos dessa filosofia, que, pouco a pouco, sublinhará e enriquecerá com os valores cristãos. Recém-convertido, não havia ainda aprofundado nas Escrituras e pouco ou nada sabia da literatura exegética, apologética, dogmática e histórica dos Padres que o precederam. Ainda em Retrationes 3, expressando certo arrependimento do que escrevera nesse período, declara: " ... estão elas (as obras deste período) cheias dos hábitos literários do século. Tais livros podem ser lidos com utilidade, se forem perdoadas algumas faltas. Desse modo, todos os que lerem tais escritos não me imitem nos erros, e sim nos progressos que vim a fazer, em vista de melhorar".
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
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