13/05/2012 (Domingo)
ILUMINE-SE!
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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
(Continuação)
Verdade das ciências. Fábula. Gramática ( II ).
R — O que senão que é falso o raciocínio pelo qual deduzimos que uma ciência não pode ser ciência se não ensina coisas verdadeiras?
A — E que isso tem a ver com o assunto?
R — Porque quero que me digas por que razão a gramática é uma ciência: pois se for uma ciência, ela é verdadeira.
A — Não sei o que lhe responder.
R — Não lhe parece que de modo algum poderia ser ciência, se nela não houvesse nada de definição e nada de divisão em gêneros em partes?
A — Agora entendo o que dizes. Não me ocorre nenhuma forma de qualquer ciência em que não haja definições, distinções e argumentos. Desempenhando todo este conjunto pelo qual ela se chama ciência, define-se o que seja tal coisa, atribui-se a cada coisa o que lhe é peculiar sem confusão das partes, nada se omite que lhe seja próprio e nada de estranho se lhe acrescenta.
R — Portanto, todo esse conjunto pelo qual ela se diz verdadeira.
A — Percebo a lógica das conclusões.
R — Responda agora qual é a disciplina que abrange definições, divisões e classificações.
A — Já foi dito acima que essas coisas são abrangidas pelas normas da dialética, que é a arte de argumentar.
R — Então, foi com base nesta mesma arte que se formou a gramática como ciência e como verdadeira, que tu há pouco defendeste contra a falsidade. E posso concluir isso não apenas em relação à gramática, mas também a todas as ciências, pois disseste, e com razão, que não te ocorre nenhuma ciência que, para ser ciência, não tenha a incumbência de estabelecer definições e distinções. E se são verdadeiras por ser ciências, haverá alguém que negue que existe a própria verdade pela qual todas as ciências são verdadeiras?
A — Falta pouco para eu concordar. Mas ainda continuo a considerar o fato de que enumeramos também a arte de argumentar, ou dialética, entre as mesmas ciências. Pelo que sou do parecer que é por aquela verdade que também este método é verdadeiro.
R — Muito bem e com muita razão. Mas não negas, segundo me parece, que é verdadeira porquanto é ciência.
A — Ao contrário, é isto precisamente que me interessa. Pois percebi que também é uma ciência e, por isso, é verdadeira.
R — Achas que poderia haver alguma outra forma para ser ciência senão porque nela existem definições e divisões?
A — Nada mais tenho a dizer.
R — Se esta é a sua função, ela é por si mesma verdadeira ciência. Haverá, então, alguém que julgue extraordinário que haja uma verdade verdadeira em si mesma e por si mesma, quando por ela são verdadeiras todas as coisas?
A — Nada me impede de aceitar essa opinião.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430)
(Continuação)
Verdade das ciências. Fábula. Gramática ( II ).
R — O que senão que é falso o raciocínio pelo qual deduzimos que uma ciência não pode ser ciência se não ensina coisas verdadeiras?
A — E que isso tem a ver com o assunto?
R — Porque quero que me digas por que razão a gramática é uma ciência: pois se for uma ciência, ela é verdadeira.
A — Não sei o que lhe responder.
R — Não lhe parece que de modo algum poderia ser ciência, se nela não houvesse nada de definição e nada de divisão em gêneros em partes?
A — Agora entendo o que dizes. Não me ocorre nenhuma forma de qualquer ciência em que não haja definições, distinções e argumentos. Desempenhando todo este conjunto pelo qual ela se chama ciência, define-se o que seja tal coisa, atribui-se a cada coisa o que lhe é peculiar sem confusão das partes, nada se omite que lhe seja próprio e nada de estranho se lhe acrescenta.
R — Portanto, todo esse conjunto pelo qual ela se diz verdadeira.
A — Percebo a lógica das conclusões.
R — Responda agora qual é a disciplina que abrange definições, divisões e classificações.
A — Já foi dito acima que essas coisas são abrangidas pelas normas da dialética, que é a arte de argumentar.
R — Então, foi com base nesta mesma arte que se formou a gramática como ciência e como verdadeira, que tu há pouco defendeste contra a falsidade. E posso concluir isso não apenas em relação à gramática, mas também a todas as ciências, pois disseste, e com razão, que não te ocorre nenhuma ciência que, para ser ciência, não tenha a incumbência de estabelecer definições e distinções. E se são verdadeiras por ser ciências, haverá alguém que negue que existe a própria verdade pela qual todas as ciências são verdadeiras?
A — Falta pouco para eu concordar. Mas ainda continuo a considerar o fato de que enumeramos também a arte de argumentar, ou dialética, entre as mesmas ciências. Pelo que sou do parecer que é por aquela verdade que também este método é verdadeiro.
R — Muito bem e com muita razão. Mas não negas, segundo me parece, que é verdadeira porquanto é ciência.
A — Ao contrário, é isto precisamente que me interessa. Pois percebi que também é uma ciência e, por isso, é verdadeira.
R — Achas que poderia haver alguma outra forma para ser ciência senão porque nela existem definições e divisões?
A — Nada mais tenho a dizer.
R — Se esta é a sua função, ela é por si mesma verdadeira ciência. Haverá, então, alguém que julgue extraordinário que haja uma verdade verdadeira em si mesma e por si mesma, quando por ela são verdadeiras todas as coisas?
A — Nada me impede de aceitar essa opinião.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430)
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