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GALÁXIA, ALFA, Brazil
Simples como a brisa, complexo como nós. Nascido em 25/5/1925.

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

AS LÁGRIMAS NEGADAS ( II ) LIVRO NONO DAS CONFISSÕES

http://criadoreumso.blogspot.com
19/08/2011 (Sexta-feira)


CAPÍTULO XII

Reprimindo o pranto do Adeodato, Evódio tomou o saltério e começou a cantar um salmo, ao que todos respondíamos: "Misericórdia e justiça te cantarei Senhor¹." Conhecida a notícia de sua morte, acorreram muitos irmãos e mulheres piedosas e, enquanto os encarregados dos funerais faziam seu ofício conforme o hábito, retirei-me para um lugar conveniente, junto com os amigos que julgavam oportuno não me deixar só. Falava sobre assuntos próprios das circunstâncias, e com o lenitivo da verdade mitigava meu sofrimento, só conhecido por ti. Eles o ignoravam e me ouviam atentamente, julgando que não sofria nenhuma dor.

Mas eu, pertinho de teus ouvidos, onde ninguém me podia escutar, censurava a minha sensibilidade e fraqueza e reprimia a onda de tristeza que me invadia; esta cedia por uns instantes, e novamente me arrastava com seu ímpeto, embora não chegasse a derramar lágrimas ou a alterar a face. Somente eu sabia quão oprimido estava meu coração! E como me desgostava profundamente que as vicissitudes humana tivessem tanto poder sobre mim, que são inelutáveis pela ordem natural e a sorte de nossa condição: minha própria dor causava-me outra dor, e me afligia com dupla tristeza.

Quando o corpo foi levado à sepultura, fui e voltei sem derramar uma lágrima. Nem mesmo nas orações que te fizemos, quando oferecemos o sacrifício de nossa redenção por intenção da morta, cujo cadáver jazia junto ao sepulcro antes de ser inumado, como ali é costume, nem mesmo nessas orações, chorei. Mas durante todo o dia andei oprimido por grande tristeza interior; pedia-te como podia, com a mente perturbada, que aliviasses minha dor. Mas não me atendias, sem dúvida para que fixasse, bem na memória, ao menos por esta única experiência, como são poderosos os laços do costume, mesmo em uma alma que já não se alimenta de palavras enganadoras.

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430) Pág. 206-207
¹ Sl 100,1

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