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06/08/2011 (Sábado)
06/08/2011 (Sábado)
CAPÍTULO IV
Estremeci de medo, e ao mesmo tempo me abrasei de alegre esperança em tua misericórdia, ó Pai! E todos estes sentimentos saíam pelos meus olhos e pela voz quando, dirigindo-se para nós, teu espírito de bondade nos dizia: Filhos dos homens, até quando sereis duros de coração? Por que amais a vaidade e buscais a mentira?
Também eu tinha amado a vaidade e buscado a mentira. Mas tu, Senhor, já havias glorificado teu eleito, ressuscitando-o de entre os mortos e colocado-o à tua direita, de onde haveria de nos enviar, segundo a promessa, o Paráclito, o Espírito da Verdade¹. O Senhor já o tinha mandado, mas eu não o sabia. Já o enviara porque já estava glorificado, ressuscitando de entre os mortos, e subindo aos céus. Antes o espírito ainda não tinha sido dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado².
Clama o profeta: Até quando sereis duros de coração? Por que amais a vaidade e buscais a mentira? Sabei que o Senhor já glorificou a seu santo³. Clama: Até quando? Clama: Sabei! - E eu sem o saber durante tanto tempo, amando a vaidade e buscando a mentira!
Por isso tremi quando o ouvi, porque me lembrei de ter sido igual àqueles a quem tais palavras eram dirigidas. Os fantasmas que eu havia tomado pela verdade nada mais eram do que vaidade e mentira.
Ah! as queixas fortes e profundas que me inspiravam a dor da recordação! Oxalá as tivessem ouvido os que ainda amam a vaidade e buscam a mentira! Talvez também se perturbassem e vomitassem seu erro. E tu os terias ouvido quando chamassem por ti, porque morreu por nós de verdadeira morte corporal aquele que intercede por nós diante de ti⁴.
Eu lia: Irai-vos, e não queirais pecar⁵. Como me perturbavam tais palavras, meu Deus! Já havia aprendido a me irar contra mim mesmo pelos meus crimes passados, para não pecar mais; e de uma cólera justa, porque não era uma natureza estranha, da raça das trevas, a que em mim pecava, como dizem os que não se indignam contra si, e acumulam contra si a ira para o dia da ira e da revelação de teu justo juízo⁶!
(Por Aurelius Augustinus *354 +430)Pág.193-194
¹ Lc 24,49.
² Jo 7,39.
³ SL 4,1.
⁴ Rom 8,34.
⁵ SL 4,5.
⁶ Rom 2,5.
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