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23/08/2011 (TERÇA-FEIRA)
23/08/2011 (TERÇA-FEIRA)
CAPÍTULOS I E II DO LIVRO DÉCIMO
FINALIDADE DO LIVRO
Ó Deus, faz que eu te conheça, meu conhecedor, que eu te conheça como de ti sou conhecido¹. Virtude de minha alma, penetra-a, assemelha-a a ti, para que a tenhas e possuas sem mancha nem ruga².
Esta é a esperança com que falo, e nesta esperança me alegro, quando gozo de sã alegria. Tudo o mais desta vida, tanto menos se há de chorar quanto mais o choramos, e tanto mais teríamos que chorar quanto menos o choramos.
Mas tu amaste a verdade³, porque quem a pratica alcança a luz⁴. Eu desejo praticá-la em meu coração, diante de ti, por esta minha confissão, e diante de muitas testemunhas por meus escritos.
O QUE É CONFESSAR A DEUS
E, para ti, Senhor, que conheces o abismo da consciência humana, que poderia haver de oculto em mim, ainda que não to quisesse confessar?
Poderia apenas esconder-te de mim, e nunca me esconder de ti. Agora que meus gemidos dão testemunho do desagrado que sinto por mim, tu me iluminas e me agradas, e és amado e desejado a ponto de eu me envergonhar de mim. Renuncio a mim para te escolher, e não quero agradar a ti ou a mim senão por teu amor.
Portanto, assim como sou, Senhor, tu me conheces. Já te disse com que escopo me vou confessando a ti. Faço esta confissão não com palavras e vozes do corpo, mas com as palavras da alma e o brado da inteligência, que teus ouvidos conhecem. Quando sou mau, confessar-me a ti é o mesmo que desprezar a mim próprio; quando sou bom, é apenas nada atribuir a mim mesmo. Porque tu, Senhor, abençoas o justo⁵, mas antes tornas justo ao pecador⁶.
Assim, meu Deus, a confissão que faço em tua presença, é e não é silenciosa; a boca se cala, mas meu coração clama. Tudo o que digo aos homens de verdadeiro já tinhas ouvido de mim, e nem ouves nada de mim que antes não me tivesses dito.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 211-212
¹ 1Cor 13,11.
² Ef 5,27.
³ Sl 50,8.
⁴ Jo 3,21
⁵ SL 5,13
⁶ Rom 4,5.
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