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22/08/2011 (Segunda-feira)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 209-210.
22/08/2011 (Segunda-feira)
CAPÍTULO XIII
Triunfe a misericórdia sobre a justiça¹, pois as tuas são palavras de verdade, e prometeste misericórdia aos misericordiosos. Se alguém o foi, deve-o à tua graça, tu que tens compaixão de quem te apraz, e usas de misericórdia com quem queres ser misericordioso².
Creio que já fizeste o que te suplico, mas desejo, Senhor, que acolhas os desejos de minha boca³. Estando iminente o dia de sua morte, ela não desejou sepultar seu corpo com grande pompa, ou que fosse embalsamado com preciosos aromas, nem desejou um rico monumento, nem se preocupou em tê-lo na pátria. Nada disto nos pediu, mas desejou apenas que nos lembrássemos dela ante do teu altar, onde servira todos os dias de sua vida, sabendo que nele se oferece a vítima santa, com cujo sangue se destrói o libelo de nossa condenação⁴, e pelo qual vencemos o inimigo que conta nossas faltas e procura com que nos acusar, nada achando naquele que é nossa vitória.
Quem poderá devolver-lhe seu sangue inocente? Quem poderá restituir-lhe o preço pago por nosso resgate, para nos arrancar ao inimigo? A este mistério de nossa redenção ligou tua serva sua alma com o vínculo da fé. Que ninguém a afaste de tua proteção. Que entre ela e ti não se interponha, nem pela força, nem pelo engano, o leão ou o dragão. Ela não responderá que nada deve, para não ser convencida e arrebatada pelo astuto acusador. Responderá que suas dívidas lhe foram perdoadas por aquele a quem ninguém pode restituir o que por nós pagou sem nada dever.
Que ela repouse em paz com seu marido, antes e depois do qual não teve outro; a quem serviu, com uma paciência cujo fruto te oferecia⁵, para o ganhar também para ti. Mas inspira, meu Senhor e meu Deus, inspira a teus servos, meus irmãos, a teus filhos, meus senhores, a quem sirvo de coração, com a palavra e com a pena, para que, ao lerem estas páginas, diante do teu altar lembrem de Mônica, tua serva, e de Patrício, outrora seu esposo, pelos quais me introduziste misteriosamente nesta vida. Que lembrem com piedoso afeto daqueles que foram meus pais nesta vida transitória, e meus irmãos em ti, ó Pai, na Igreja Católica, nossa mãe, e meus concidadãos na eterna Jerusalém, pela qual suspira de teu povo em sua peregrinação desde a saída até o regresso. Assim, graças às minhas confissões, o último desejo de Mônica será mais amplamente satisfeito com muitas orações do que só pelas minhas.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 209-210.
¹ Tg 2,13.
² Êx 33,19.
³ Sl 118, 108.
⁴ Col 2,14.
⁵ Lc 8,15.
³ Sl 118, 108.
⁴ Col 2,14.
⁵ Lc 8,15.
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