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29/08/2011 (Segunda-feira)
CAPÍTULO VI
O que sei, Senhor, sem sombra de dúvida, é que te amo. Feriste meu coração com tua palavra, e eu te amei. O céu, a terra e tudo quanto nele existe, de todas as partes me dizem que te ame; nem cessam de repetí-lo a todos os homens, para que não tenham desculpas¹. Terás compaixão mais profunda de quem já te compadeceste, e usarás de misericórdia com quem já foste misericordioso. De outro modo, o céu e a terra cantariam teus louvores a surdos.
Mas, que amo eu, quando te amo? Não amo a beleza do corpo, nem o esplendor fugaz, nem a claridade da luz, tão cara a estes meus olhos, nem as doces melodias das mais diversas canções, nem a fragrância de flores, de unguentos e de aromas, nem o maná, nem o mel, nem os membros tão afeitos aos amplexos da carne. Nada disto amo quando amo o meu Deus. E, contudo, amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento, um abraço, quando amo o meu Deus, que é luz, voz, fragrância, alimento e abraço de meu homem interior, onde brilha para minha alma uma luz sem limites, onde ressoam melodias que o tempo não arrebata, onde exalam perfumes que o vento não dissipa, onde se provam iguarias que o apetite não diminui, onde se sentem abraços que a saciedade não desfaz. Eis o que amo quando amo a meu Deus!
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág.215-216.
¹ Rom 1,20.
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