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10/10/2011 (Segunda-feira)
10/10/2011 (Segunda-feira)
CAPÍTULO XXXV
Às anteriores acrescente-se outra tentação, que oferece maiores perigos. Além da concupiscência da carne, que consiste no deleite voluptuoso de todos os sentidos, e cuja servidão dana os que ela afasta de Ti, insinua-se na alma um outro desejo, que se exerce pelos mesmos sentidos corporais, mas tende menos a uma satisfação carnal do que a tudo conhecer por meio da carne.
É a vã curiosidade, que se disfarça sob o nome de conhecimento e de ciência. Como nasce do apetite de tudo conhecer, e como entre os sentidos os olhos são os mais aptos para conhecimento, a Sagrada Escritura chamou-a de concupiscência dos olhos.
De fato, ver é função própria dos olhos; mas muitas vezes nós usamos esta expressão mesmo quando se trata de outros sentidos, explicados ao conhecimento. Nós não dizemos: "Ouve como isto brilha" - nem: "Sente como isto resplandece" - nem: "Apalpa como isto cintila" - Para exprimir tudo isso dizemos "ver ou olhar". E até não nos limitamos a dizer: "Olha que luz!", pois apenas os olhos nos podem dar essa sensação - mas dizemos ainda: "Olha que som! Olha que cheiro! Olha que gosto! Olha como é duro!" Por isso toda experiência que é obra dos sentidos é chamada, como disse, concupiscência dos olhos¹. Essa função da visão, que pertence aos olhos, é usurpada metaforicamente pelos outros sentidos, quando buscam conhecer alguma coisa.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 245.
¹ Jo 2,16.
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