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13/10/2011 (Quinta-feira)
13/10/2011 (Quinta-feira)
CAPÍTULO XXXV
Não vou mais ao circo, para ver um cão correr atrás de uma lebre; mas, passando casualmente pelo campo e vendo algo assim, eis-me interessado pela caçada, talvez até distraindo-me de algum pensamento profundo. E, se não chega a me fazer mudar o caminho do meu cavalo, desvio o curso do meu coração. Se após tal demonstração de minha fraqueza Tu não me alertares para que abandone esse espetáculo, elevando-me a Ti por meio de alguma reflexão, ou desprezando tudo e passando adiante, ficaria ali, absorvido como um bobo.
E que dizer quando, sentado em minha casa, observo uma lagartixa à caça de moscas, ou uma aranha que as enreda em sua teia? Acaso por serem animais pequenos, a curiosidade que despertam em mim não é a mesma? É verdade que depois passo a Te louvar, Criador admirável, Ordenador do universo, mas não foi esse o pensamento que primeiro me moveu. Uma coisa é levantar-se depressa, e outra é não cair.
Dessas quedas está repleta minha vida, e minha única esperança está em Tua infinita misericórdia. Nosso coração é o receptáculo de tais misérias, e traz em si grande quantidade de vaidades, que muitas vezes até interrompem e perturbam nossas orações; e enquanto em Tua presença levantamos a voz de nossa alma até Teus ouvidos, tais pensamentos fúteis, vindos não sei de onde, vêm perturbar um ato tão importante.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 246-247.
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