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15/10/2011 (Sábado)
15/10/2011 (Sábado)
CAPÍTULO XXXVI
Ora, como é necessário, para se adequar à sociedade, fazer-se amar e temer pelos homens, o inimigo de nossa verdadeira felicidade nos alicia, e por toda parte semeia seus laços gritando: "Bravo! Muito bem!" - para que, ávidos, recolhamos as lisonjas e nos deixemos incautamente enredar. Seu intento é que deixemos de encontrar nossa alegria na verdade, para buscá-la na mentira dos homens; estimula em nós o prazer em nos fazer temer e amar, não pelo Teu amor, mas em Teu lugar. Com isso nos tornamos semelhantes a ele, não unidos na caridade, mas partilhando de suas penas. Ele quis fixar sua moradia no Aquilão*, para que nós, nas trevas e no frio, servíssemos o perverso e sinuoso imitador de Teu poder.
Nós, Senhor, somos Teu pequeno rebanho¹; sê nosso dono. Estende Tuas asas para nosso refúgio. Sê nossa glória; que nos amem por Tua causa, e que Tua palavra seja observada por nós. Quem busca o louvor dos homens, quando Tu o reprovas, não será por estes defendido quando o julgares, nem poderá se subtrair à Tua condenação. Mas quando não se louva um pecador pelos desejos de sua alma, nem se abençoa quem pratica iniquidades, mas se louva² um homem pelos dons que lhe concedeste, se ele se compraz mais no louvor do que no dom que lhe atrai os louvores, Tu o reprovas, a despeito dos louvores que recebe dos homens. E quem o louva é melhor do que é louvado, porque um se agradou com o dom de Deus, e o outro alegrou-se com o dom do homem.
(Por Aurelius Augustinus *354 +430) Pág. 248
* Aquilão - vento gelado do norte.
¹ Lc 12,32.
² Sl 10,3.
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