21/05/2012 (Segunda-feira)
ILUMINE-SE!
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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
(Continuação)
Acaso o corpo é verdadeiro?
R — O que afirmas dos demais assuntos?
A— O quê?
R — O que percebes que vem bem a meu favor. Pois restam a alma e Deus, e se estes dois são verdadeiros pelo fato de neles estar a verdade, ninguém duvida da imortalidade de Deus. Mas confia-se que a alma é imortal se prova que também nela está a verdade, que não pode perecer. Pelo que vejamos agora o último ponto: se o corpo não é realmente verdadeiro, isto é, se a verdade não está nele, mas se é como certa imagem da verdade. Pois se no corpo que, como se sabe, está sujeito à morte, encontrarmos a verdade tal qual existe nas ciências, não será necessariamente o método dialético daquela verdade pela qual sejam verdadeiras todas as ciências. Pois é verdadeiro também o corpo, que não parece ter sido formado pelo método dialético. Porém, se o corpo é verdadeiro em virtude de alguma imitação e, por esta razão, não pertence à verdade límpida, talvez nada haverá que impeça que se ensine o método dialético como sendo a própria verdade.
A — Entretanto, examinemos o corpo, pois não vejo que estará terminada esta controvérsia nem mesmo se chegarmos a alguma conclusão sobre isto.
R — Como sabes o que Deus quer? Por isso esteja atento: creio que o corpo é limitado por alguma forma e espécie, sem as quais não seria corpo. Se as tivesse verdadeiras, seria alma. Ou se deve julgar de diferente maneira?
A — Concordo em parte, quanto ao mais tenho dúvida; concedo que não é corpo se não estiver contido por uma figura. Mas não entendo bem como, se a tivesse verdadeira, seria alma.
R — Afinal não te lembras mais nada do início do livro I e das suas figuras geométricas?
A — Fizeste bem em lembrar-me; recordo muito bem.
R — As figuras se encontram nos corpos tais como são demonstradas por aquelas ciências?
A — Ao contrário, é incrível como são tão inferiores.
R — Quais delas achas que sejam verdadeiras?
A— Por favor, não inventes de perguntar-me mais isto. Quem possa ter uma mente tão cega que não perceba que as figuras na geometria estão na própria verdade, ou também a verdade nelas? E que as figuras do corpo, enquanto parecem tender àquelas, têm não sei que tipo de imitação da verdade e, por isso, são falsas? Agora entendo tudo o que intencionavas mostrar-me.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
(Continuação)
Acaso o corpo é verdadeiro?
R — O que afirmas dos demais assuntos?
A— O quê?
R — O que percebes que vem bem a meu favor. Pois restam a alma e Deus, e se estes dois são verdadeiros pelo fato de neles estar a verdade, ninguém duvida da imortalidade de Deus. Mas confia-se que a alma é imortal se prova que também nela está a verdade, que não pode perecer. Pelo que vejamos agora o último ponto: se o corpo não é realmente verdadeiro, isto é, se a verdade não está nele, mas se é como certa imagem da verdade. Pois se no corpo que, como se sabe, está sujeito à morte, encontrarmos a verdade tal qual existe nas ciências, não será necessariamente o método dialético daquela verdade pela qual sejam verdadeiras todas as ciências. Pois é verdadeiro também o corpo, que não parece ter sido formado pelo método dialético. Porém, se o corpo é verdadeiro em virtude de alguma imitação e, por esta razão, não pertence à verdade límpida, talvez nada haverá que impeça que se ensine o método dialético como sendo a própria verdade.
A — Entretanto, examinemos o corpo, pois não vejo que estará terminada esta controvérsia nem mesmo se chegarmos a alguma conclusão sobre isto.
R — Como sabes o que Deus quer? Por isso esteja atento: creio que o corpo é limitado por alguma forma e espécie, sem as quais não seria corpo. Se as tivesse verdadeiras, seria alma. Ou se deve julgar de diferente maneira?
A — Concordo em parte, quanto ao mais tenho dúvida; concedo que não é corpo se não estiver contido por uma figura. Mas não entendo bem como, se a tivesse verdadeira, seria alma.
R — Afinal não te lembras mais nada do início do livro I e das suas figuras geométricas?
A — Fizeste bem em lembrar-me; recordo muito bem.
R — As figuras se encontram nos corpos tais como são demonstradas por aquelas ciências?
A — Ao contrário, é incrível como são tão inferiores.
R — Quais delas achas que sejam verdadeiras?
A— Por favor, não inventes de perguntar-me mais isto. Quem possa ter uma mente tão cega que não perceba que as figuras na geometria estão na própria verdade, ou também a verdade nelas? E que as figuras do corpo, enquanto parecem tender àquelas, têm não sei que tipo de imitação da verdade e, por isso, são falsas? Agora entendo tudo o que intencionavas mostrar-me.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
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