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03/05/2012 (Quinta-feira)
ILUMINE-SE!
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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
QUEM CONVERSA, DE FATO, COM AGOSTINHO? SEU "EU" SUPERIOR? SEU ANJO DA GUARDA? NÃO É UM DIÁLOGO, CONFORME ELE — É UM SOLILÓQUIO.
(continuação)
A falsidade existirá sempre, mas não existirá sem os sentidos.
R — Agora eu gostaria que me respondesses: na tua opinião, quem sente, o corpo ou a alma?
A — Parece-me que é a alma?
R — E achas que o entendimento pertence à alma?
A — Totalmente.
R — Somente à alma ou a algo mais?
A — Acho que a nenhuma outra coisa senão à alma, a não ser a Deus, em que, creio, se situa o intelecto.
R — Vejamos agora o seguinte: se alguém te dissesse que esta parede não é parede mas árvore, o que acharias?
A — Que estariam se enganando os sentidos dele ou os meus, ou que ele dá o nome de árvore àquilo que chamamos parede.
R — E se a ele te parece ser uma árvore enquanto a ti parece ser uma parede, não poderão ser verdadeiras ambas as coisas?
A — De modo algum, porque uma mesma coisa não pode ser ao mesmo tempo árvore e parede. Embora pareça a cada um de nós ser determinada coisa, necessariamente um de nós comete erro de imaginação.
R — E se não for nem parede nem árvore e ambos estiverem enganados?
A — Certamente pode ocorrer isto.
R — Acima, deixaste de mencionar isto.
A — Confesso que sim.
R — Se os dois vieram a reconhecer que é algo diferente do que lhes parece, acaso mesmo assim estão enganados?
A — não.
R — Portanto, pode ser enganoso aquilo que se vê e não se enganar aquele que vê.
A — Pode.
R — Por isso, deve-se afirmar que não se engana quem vê coisas falsas, mas sim aquele que aprova as coisas falsas.
A — Inteiramente de acordo.
R — Que é a coisa falsa, por que existe o falso?
A — Aquilo que é diferente do que parece.
R — Se, pois, não houver pessoas a quem a coisa pareça ser outra, nada é falso.
A — Esta é a conclusão.
R — Por isso, a falsidade não está nas coisas, mas no sentido, pois não se engana aquele que não assente às coisas falsas. Conclui-se que uma coisa somos nós, outra coisa o sentido, pois, quando ele se engana, nós podemos não nos enganar.
A – Nada tenho contra.
R — Mas quando a alma se engana, por acaso ousas dizer que não há falsidade?
A — Como ousaria afirmar isso?
R — Entretanto, não há sentidos sem a alma; não há falsidade sem os sentidos. Ou é a alma que age, ou ela coopera com a falsidade.
A – As afirmações precedentes me levam a estar de acordo.
R – Responde-me agora se achares possível que alguma vez haja falsidade?
A — Como posso achar, quando há tanta dificuldade em encontrar a verdade, de modo que é mais absurdo dizer que a falsidade não pode existir do que afirmar que a verdade não pode existir.
R — Acaso achas que aquele que não vive pode sentir?
A — É impossível.
R — Conclui-se que a alma vive para sempre.
A – Levas-me muito depressa a essas alegrias. Por favor, vamos pouco a pouco.
R — Porém, se concordou corretamente com tudo o que foi dito acima, não vejo por que duvidar a esse respeito.
A — Continuo dizendo que é muito depressa. Pelo que mais facilmente sou levado a julgar que temerariamente tenha concedido algo sobre o que sentir-me seguro sobre a imortalidade da alma. Mas desenvolve esta conclusão e mostra-me como se chegou a isso.
R — Afirmaste que não pode haver falsidade sem os sentidos e que não pode deixar de haver falsidade; portanto, sempre haverá os sentidos. Entretanto, não há sentidos sem a alma; logo, a alma é sempiterna. E ela não pode sentir sem viver para sempre.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430)
A falsidade existirá sempre, mas não existirá sem os sentidos.
R — Agora eu gostaria que me respondesses: na tua opinião, quem sente, o corpo ou a alma?
A — Parece-me que é a alma?
R — E achas que o entendimento pertence à alma?
A — Totalmente.
R — Somente à alma ou a algo mais?
A — Acho que a nenhuma outra coisa senão à alma, a não ser a Deus, em que, creio, se situa o intelecto.
R — Vejamos agora o seguinte: se alguém te dissesse que esta parede não é parede mas árvore, o que acharias?
A — Que estariam se enganando os sentidos dele ou os meus, ou que ele dá o nome de árvore àquilo que chamamos parede.
R — E se a ele te parece ser uma árvore enquanto a ti parece ser uma parede, não poderão ser verdadeiras ambas as coisas?
A — De modo algum, porque uma mesma coisa não pode ser ao mesmo tempo árvore e parede. Embora pareça a cada um de nós ser determinada coisa, necessariamente um de nós comete erro de imaginação.
R — E se não for nem parede nem árvore e ambos estiverem enganados?
A — Certamente pode ocorrer isto.
R — Acima, deixaste de mencionar isto.
A — Confesso que sim.
R — Se os dois vieram a reconhecer que é algo diferente do que lhes parece, acaso mesmo assim estão enganados?
A — não.
R — Portanto, pode ser enganoso aquilo que se vê e não se enganar aquele que vê.
A — Pode.
R — Por isso, deve-se afirmar que não se engana quem vê coisas falsas, mas sim aquele que aprova as coisas falsas.
A — Inteiramente de acordo.
R — Que é a coisa falsa, por que existe o falso?
A — Aquilo que é diferente do que parece.
R — Se, pois, não houver pessoas a quem a coisa pareça ser outra, nada é falso.
A — Esta é a conclusão.
R — Por isso, a falsidade não está nas coisas, mas no sentido, pois não se engana aquele que não assente às coisas falsas. Conclui-se que uma coisa somos nós, outra coisa o sentido, pois, quando ele se engana, nós podemos não nos enganar.
A – Nada tenho contra.
R — Mas quando a alma se engana, por acaso ousas dizer que não há falsidade?
A — Como ousaria afirmar isso?
R — Entretanto, não há sentidos sem a alma; não há falsidade sem os sentidos. Ou é a alma que age, ou ela coopera com a falsidade.
A – As afirmações precedentes me levam a estar de acordo.
R – Responde-me agora se achares possível que alguma vez haja falsidade?
A — Como posso achar, quando há tanta dificuldade em encontrar a verdade, de modo que é mais absurdo dizer que a falsidade não pode existir do que afirmar que a verdade não pode existir.
R — Acaso achas que aquele que não vive pode sentir?
A — É impossível.
R — Conclui-se que a alma vive para sempre.
A – Levas-me muito depressa a essas alegrias. Por favor, vamos pouco a pouco.
R — Porém, se concordou corretamente com tudo o que foi dito acima, não vejo por que duvidar a esse respeito.
A — Continuo dizendo que é muito depressa. Pelo que mais facilmente sou levado a julgar que temerariamente tenha concedido algo sobre o que sentir-me seguro sobre a imortalidade da alma. Mas desenvolve esta conclusão e mostra-me como se chegou a isso.
R — Afirmaste que não pode haver falsidade sem os sentidos e que não pode deixar de haver falsidade; portanto, sempre haverá os sentidos. Entretanto, não há sentidos sem a alma; logo, a alma é sempiterna. E ela não pode sentir sem viver para sempre.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430)
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