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GALÁXIA, ALFA, Brazil
Simples como a brisa, complexo como nós. Nascido em 25/5/1925.

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sexta-feira, 15 de junho de 2012

A FELICIDADE É PLENITUDE ESPIRITUAL (VI) — A VIDA FELIZ

15/06/2012 (Sexta-feira)




ILUMINE-SE!
OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E A VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.








(Continuação)


A verdadeira sabedoria é a Sabedoria de Deus.


Mas que sabedoria será digna desse nome, a não ser a Sabedoria de Deus? Justamente aprendemos pela autoridade divina, que o Filho de Deus é precisamente a Sabedoria de Deus (ICor 1,24); e o Filho de Deus, evidentemente, é Deus. Por conseguinte, é feliz quem possui a Deus. Sobre isso, todos já concordamos, no início de nosso festim (cf. II,11). Mas, na vossa opinião, qual há de ser essa Sabedoria senão a Verdade? Com efeito, também está dito: "Eu sou a Verdade" (Jo,14,6). Ora, a Verdade encerra em si uma Suma Medida¹: da qual procede e à qual se volta inteiramente. E essa Suma Medida assim é, por Si mesma, não por alguma imposição extrínseca. E sendo perfeita e suma é também a verdadeira Medida. E tal como a Verdade é gerada (gignitur) pela Medida, assim também a Medida manifesta-se pela Verdade. Por conseguinte, nunca houve Verdade sem Medida, nem Medida sem Verdade. Quem é o Filho de Deus? Já o dissemos e está escrito: "A Verdade"! Quem é aquele que não possui progenitor, a não ser a Suma Medida? ( O Pai). Logo, todo aquele que vier à Suma Medida pela Verdade será feliz. E isso é possuir a Deus na alma, gozar de Deus. Quanto à outras coisas criadas, Deus as possui, mas elas não possuem a Deus.


A verdadeira felicidade é a comunhão com a Trindade.


Certo impulso interior que nos convida a lembrar-nos de Deus, a buscá-Lo, a sentir sede dEle , sem nenhum fastio, jorra em nós dessa mesma fonte da Verdade. É luz que esse misterioso Sol irradia em nossos olhos interiores. E é dEle que procede tudo o que proferimos de verdadeiro, ainda que temamos volver nossos olhos ainda doentios ou recém-abertos, e de O fixarmos face a face.. Esse Sol revela-Se a nós como sendo o próprio Deus, Ser perfeito sem nenhuma imperfeição a diminuí-Lo. Pois nEle encontra-se toda perfeição, completa e íntegra, visto que Ele é, ao mesmo tempo, o Deus todo-poderoso.


Entretanto enquanto estivermos em Sua busca, somos forçados a reconhecer que ainda não nos saciamos da água dessa fonte. E servindo-me daquele termo "plenitude" empregado por Licêncio (cf. IV,30), ainda não possuímos a plenitude. Não presumamos, assim, haver alcançado a nossa medida. Porque, também se certos da ajuda de Deus, ainda não atingimos a Sabedoria, nem, por conseguinte, a felicidade. Pois a perfeita plenitude das almas, a qual torna a vida feliz, consiste em conhecer piedosa e perfeitamente:


— Por quem somos guiados até à Verdade (O Pai);
— De qual Verdade gozamos (O Filho);
— E por qual vínculo estamos unidos à Suma Medida (O Espírito Santo).


Nesses três elementos, aqueles que possuem o conhecimento e repelem as ilusões de várias superstições, reconhecem um só Deus e uma só Substância.


Nesse momento, minha mãe, lembrando-se das palavras que lhe estavam profundamente gravadas na memória, e como despertando em sua fé, deixou escapar alegremente este versículo de um hino de nosso bispo:




"Protege, ó Trindade santa, aqueles que Te imploram.


Acrescentou depois:


— Eis, sem nenhuma dúvida, a vida feliz, e essa é a vida perfeita. Tenhamos confiança que poderemos ser levados a ela, prontamente, graças à fé sólida, à alegre esperança e a ardente caridade.


Término do diálogo


Assim pois, disse eu, já que a mesma moderação nos leva a suspender nosso festim pelo intervalo de alguns dias, dou graças a Deus, Pai e Senhor libertador das almas. E também a vós que, cordialmente convidados por mim, me cumulastes de dádivas. Pois fostes de tal ajuda em nossos colóquios que, não o posso negar, fui eu o saciado por meus convidados.


Todos a essas palavras testemunharam sua alegria e bendiziam a Deus. Trigésio exclamou:


— Como gostaria que tu nos obsequiasses todos os dias, nessa mesma medida.


— Essa medida deve ser guardada e amada em toda parte, se vos empenhardes deveras na nossa volta a Deus.²


Dito isso, demos fim a nosso colóquio e separamo-nos.


FIM


(Por Aurelius Augustinus *354 +430).

¹ Agostinho cristianiza o conceito estoico e neoplatônico de medida. Nestas filosofias, a medida assinalava a cada coisa seu modo de ser, realizando o justo suficiente, em que nada falta ou se possui em demasia. Para Agostinho, Deus é a Medida suprema, à qual todos os seres devem se ajustar. Assim, a sabedoria é medida e equilíbrio, exclusão dos excessos e deficiências. Possuir a Medida-Sabedoria é ser feliz.

² O diálogo filosófico termina teologicamente, invocando a Trindade: fonte e plenitude da felicidade estão no relacionamento com a Trindade.


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