VIM AQUI PARA TE DIZER QUE...

Minha foto
GALÁXIA, ALFA, Brazil
Simples como a brisa, complexo como nós. Nascido em 25/5/1925.

OLÁ!

BOM DIA, BOA TARDE OU BOA NOITE. SEJA FELIZ!

terça-feira, 31 de maio de 2011

AS PRIMEIRAS PAIXÕES ( II )

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com
31/05/2011 (Terça-feira)
LIVRO SEGUNDO

Capítulo II

Pelo menos eu deveria atender com mais diligência à voz de tuas nuvens: Também eles sofrerão as tribulações da carne; mas eu quisera poupar-vos; e bom é ao homem não tocar em mulher; o que está sem mulher pensa nas coisas de Deus, de como o há de agradar; mas o que está ligado pelo matrimônio pensa nas coisas do mundo, e em como há de agradar a mulher. Estas são as palavras que eu deveria ter ouvido mais atentamente; e, eunuco pelo amor ao reino de Deus, teria suspirado mais feliz por teus abraços.

Mas eu, miserável, tornei-me em torrente, seguindo o ímpeto de minha paixão, te abandonei e transgredi a todos os teus preceitos, sem porém escapar de teus castigos. E quem o poderia dentre os mortais? Sempre estavas a meu lado, irritando-te misericordiosamente comigo, e aspergindo com amaríssimos desgostos todos os meus gozos ilícitos, para que eu buscasse a alegria sem te ofender e, quando a achasse, de modo algum fosse fora de ti, Senhor. Fora de ti, que impões a dor em mandamento, e fere para sarar, e nos tiras a vida para que não morramos sem ti.

Mas onde estava eu? Oh! quão longe, exilado das delícias de tua casa naqueles meus dezesseis anos de idade carnal, quando esta empunhou seu cetro sobre mim, e eu me rendi totalmente a ela, à fúria da concuspiscência que a degradação humana legitima, porém ilícita, de acordo com tuas leis.

Nem mesmo os meus cogitaram em me sustentar na queda, pelo casamento, ao ver-me cair; cuidavam apenas de que eu aprendesse a compor discursos magníficos e a persuadir com a palavra.
(Por Aurelius Augustinus  *354  -430) pág. 52-53

AS PRIMEIRAS PAIXÕES ( I )

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com
31/05/2011 (Terça-feira_

LIVRO SEGUNDO
Capítulo II

E que me deleitava, senão amar e ser amado? Mas eu não era moderado, indo de alma para alma de acordo com os sinais luminosos da amizade, pois, da lodosa concuspiscência de minha carne e do fervilhar da puberdade levantava-se como que uma névoa que obscurecia e ofuscava meu coração, a ponto de não discernir a serena amizade da tenebrosa libido. Uma e outra, confusamente, me abrasavam; arrastavam minha fraca idade pelo declive íngreme de meus apetites, afogando-me em um mar de torpezas. Tua ira se acumulava sobre mim, e eu não o sabia. Ensurdeci com o ruído da cadeia de minha mortalidade, e cada vez mais me afastava de ti, e tu o consentias; e me agitava, e me dissipava, e me derramava e fervia em minha devassidão, e tu te calavas - ó alegria que tão tarde encontrei! - tu te calavas então, e eu ia cada vez mais para longe de ti, sempre atrás de estéreis sementes de dores, com vil soberba e inquieto cansaço.

Oh! se alguém refreasse aquela minha miséria, para que fizesse bom uso da fugaz beleza das criaturas inferiores; limitasse suas delícias, a fim de que as vagas daquela minha idade rompessem na praia do matrimônio, já que de outro modo não podia haver paz - contendo-se nos limites da geração, como prescreve tua lei, Senhor, tu que crias o gérmen transmissor de nossa vida mortal, e que com mão bondosa podes suavisar a agudeza dos espinhos, que mantiveste  fora do paraíso! Porque tua onipotência está perto de nós, mesmo quando vagueamos longe de ti.
(Por Aurelius Augustinus  *354  -430) pág. 52






segunda-feira, 30 de maio de 2011

A ADOLESCÊNCIA ( I )

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com/
30/05/2011 (Segunda-feira)
http://youtu.be/kfe4D0qLKvg

LIVRO SEGUNDO

Capítulo I

Quero recordar minhas torpezas passadas e as degradações carnais de minha alma, não porque as ame, mas por te amar, ó meu Deus. É por amor de teu amor que o faço, percorrendo com a memória amargurada, aqueles meus perversos caminhos, para que tu me seja doce, doçura sem engano, ditosa e eterna doçura. Resgata-me da dispersão em que me disciplinei quando, afastando-me de tua unidade, me desvaneci em muitas coisas.

Tempo houve de minha adolescência em que ardi em desejos de me fartar dos prazeres mais baixos, e ousei a bestialidade de vários e sombrios amores, e se murchou minha beleza, e me transformei em podridão diante de teus olhos, para agradar a mim mesmo e desejar agradar aos olhos olhos dos homens.
(Por Aurelius Augustinus *354  -430) pág. 51)






ORAÇÃO

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com/
30/05/2011(Segunda-feira)
capítulo XV

Ouvi, Senhor, minha oração, para que não desfaleça minha alma sob a tua lei, nem me canse em confessar tuas misericórdia, com as quais me arrancaste de meus perversos caminhos; que tua doçura sobrepuje todas as doçuras que segui, e assim te ame fortissimamente, e abrace tua mão com toda minha alma, e me livres de toda a tentação até o fim de meus dias. Pois és, Senhor, meu rei e meu Deus, e a ti consagro quanto aprendi de útil quando criança; a ti consagro quanto falo, escrevo, leio e conto, pois quando aprendia aquelas futilidades, tu eras o que me davas a verdadeira disciplina, e já me perdoaste os pecados de deleite cometidos naquelas vaidades. Muitas palavras úteis aprendi nelas, é verdade; porém, estas também se podem aprender em estudos sérios, e este é o caminho seguro pelo qual deveriam encaminhar as crianças.
(Por Aurelius Augustinus  *354  -430) pág. 45





domingo, 29 de maio de 2011

ONDE ESTÁ DEUS?

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com
29/05/2011 (Domingo)
http://youtu.be/DN23kU98cog

Porventura o céu e a terra te contêm, porque os enches? Ou será melhor dizer que o enches, mas que ainda resta alguma parte de ti, já que eles não te podem conter? E onde estenderás isso que sobra de ti, depois de cheios o céu e a terra? Mas será necessário que sejas contido em algum lugar, tu que conténs todas as coisas, visto que as enche as ocupa contendo-as? Porque não são os vasos cheios de ti que te tornam estável, já que, quando se quebrarem, tu não te derramarás; e quando te derramas sobre nós, isso não o fazes porque cais, mas porque nos levantas, nem porque te dispersas, mas porque nos recolhes.

No entanto, todas as coisas que enches, enche-as todas com todo o teu ser, ou talvez, por não te poderem conter totalmente todas as coisas, contêm apenas parte de ti? E essa parte de ti as contêm todas ao mesmo tempo, ou cada uma a sua, as maiores a maior parte, e as menores a menor parte? Mas haverá em ti partes maiores e partes menores? Acaso não estás todo em todas as partes, sem que haja coisa alguma que te contenha totalmente?
(Por Aurelius Augustinus. *354  -430)  pág. 31



sábado, 28 de maio de 2011

DEUS ESTÁ NO HOMEM, E ESTE EM DEUS

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com
28/05/2011 (Sábado)
http://youtu.be/lfwuZaf6WXw


E como invocarei meu Deus, meu Deus e meu Senhor, se ao invocá-lo o faria certamente dentro de mim? E que lugar há em mim para receber o meu Deus, por onde Deus desça a mim, o Deus que fez o céu e a terra? Senhor, haverá em mim algum espaço que te possa conter? Acaso te contém o céu e a terra, que tu criaste, e dentro dos quais também criaste a mim? Será, talvez, pelo fato de que existe sem Ti, que todas as coisas te contêm? E, assim, se existo, que motivo pode haver para Te pedir que venhas a mim, já que não existiria se em mim não habitásseis?

Ainda não estive no inferno, mas também ali estás presente, pois, se descer ao inferno, ali estarás.

Eu nada seria, meu Deus, nada seria em absoluto se não estivesses em mim; talvez seria melhor dizer que eu não existiria de modo algum se não estivesse em ti, de quem, por quem e em quem existem todas as coisas? Assim é, Senhor, assim é. Como, pois posso chamar-te se já estou em ti, ou de onde hás de vir a mim, ou a que parte do céu ou da terra me hei de recolher, para que ali venha a mim o meu Deus, ele que disse: Eu encho o céu e a terra?
(Por Aurelius Augustinus.  *354  -430) pág. 30.







DO LIIVRO CONFISSÕES ( VIII ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430


Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.

http://criadoreumso.blogspot.com
10/06/2011 (Sexta-feira)

                                       
                                          ( VIII )

Em Santo Agostinho, a metafísica, como se nota, ocupa lugar central, e ao homem é dado conhecer aquilo que Deus permite. Assim, novamente, a teoria da graça se expõe com força total. Enfim, nas Confissões o bispo de Hipona mostra como concilia paixão, fé e razão em seu amor à teologia. O velho e conhecido jargão agostiniano expressa-se aqui mais uma vez: "compreender para crer e crer para compreender".  Nessa condição, no entanto, é necessário outra, a da perseverança, que é um dom de Deus, e, por isso, deve ser muito bem utilizada enquanto tal. Apesar de todas as reflexões feitas no sentido teológico, ainda nas Confissões se vê mais o homem Agostinho, em detrimento do teólogo e bispo Doutor da Igreja. Por que dessa forma? Porque o filho de Mônica abria-se para todos, revelando sua sensibilidade natural e tendência ao bem humano, mesmo que em sua alma ainda persistisse lutas violentas entre a paixão humana e a graça, o que o fazia tomar muito cuidado com seu livre arbítrio.

É fato que, ao ler as Confissões, ao bom leitor é possível notar o quanto o coração ardente de Agostinho continuava a pulsar. Porém, discreto, ele continuou o trabalho que começara, o de entregar-se às coisas da fé. Vivenciou intensamente o próprio dualismo que expressou em seus escritos e também a busca por uma conciliação, que às vezes aparecia e outras vezes se fazia distante, levando-o a optar pela crença no além como solução para uma alma desesperada. Não é por acaso que, ao fim de sua vida, reforça sua opção pela "Cidade de Deus" contra a "Cidade dos homens".  E na sua obra, De Magistro, ensina-nos quem é o verdadeiro Mestre..
Pág. 28

DO LIIVRO CONFISSÕES ( VII ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430

http://criadoreumso.blogspot.com
09/06/2011 (Quinta-feira)


( VII )

Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.

(...)
Mas, algo de forte permanece em Agostinho mesmo após sua conversão: a sua força passional. Ele tece comentários sobre isso e faz uma análise da paixão e de como ela é capaz de adentrar à memória e confundir o espírito, desorientando a alma em seu estado puro. É por isso que o bispo de Hipona concede tanta importância à graça divina. Somente Deus pode transformar as paixões humanas em forças contemplativas contra o que o Doutor da Igreja nomeou como "tentações".* Era de si mesmo que o Santo falava, de como seu interior fora transformado por Deus. A ideia expressa nas Confissões a respeito disso é a da entrega total ao Criador, deixando a Ele os disparates do quotidiano. É a confiança de que Deus tem o poder de dirigir a alma que lhe é cara. E o estado de graça, na concepção de tempo agostiniana, é sempre presente, pois no Criador não há passado nem futuro, porque "Ele é aquele que é". Pela graça de Deus é que a alma reconhece sua eternidade, que advém da eternidade divina. No tempo terreno, entretanto, isso é invisível, apenas ideal, porque é o tempo da corrupção. Por todas essas questões, é indispensável que o homem se preocupe com o estudo sobre o tempo e saiba perceber o que passa e o que permanece. A compreensão do tempo é possível, porque ela acontece dentro do espírito, entre o corpo e a alma.
* Quanto a tal assunto, ler: Agostinho, Confissões. Parte II. Livro X, em que predominam a descrição da memória e a análise às seduções dos pecados.
(Pág. 27-28)

DO LIIVRO CONFISSÕES ( VI ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430

http://criadoreumso.blogspot.com
08/06/2011 (Quarta-feira)


Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.

( VI )

Santo Agostinho divide sua vida em antes e depois da conversão, sendo este o marco no qual sua grande paixão secular não deixa de pulsar, porém recebe uma iluminação, mediante a qual o espírito e alma de um homem em busca de sentido de viver continua apaixonado. O fogo que consumia o filho de Mônica passou a arder de outra maneira. Na realidade, sempre foi um ser humano de grande envergadura passional: ocorre que, após a conversão, seu "pathos", este impulso vital, se redireciona. Toda sua energia se canalizava ao serviço da fé cristã, mas tal processo, ele buscou compreendê-lo também pela via da razão. O que chama a atenção e tudo isso é o dualismo de corpo e alma está em choque. O conflito dessa relação entre matéria e espírito identifica o espaço da luta humana para entender-se nessa construção. É onde faz parecer que potencialmente o sagrado está presente no profano. Basta um toque, um acontecimento, para que tudo se esclareça. Foi assim com o bispo de Hipona. Nele, razão e sentimento se entrecruzam no caminho da fé.  Muitas vezes, para expressar o que seria inexprimível, a utilização de metáforas acabou por ser a solução. Para entender Agostinho, é necessário penetrar em seu interior pelos seus escritos, em especial pelas Confissões. 
(Pág. 22)

DO LIIVRO CONFISSÕES ( V ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430

Lírio Verde
http://criadoreumso.blogspot.com
04/06/2011 (Sábado)


Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.

( V )

Em sua autobiografia, ora narra, ora descreve... e assim segue o filho de Mônica. Trabalha também com aspectos epistolares, o que prende o leitor à sua experiência de vida. Em certos momentos, chega a salmodiar ao Deus que o convertera pela graça via as palavras de Paulo. Na realidade, Agostinho caminha pela Bíblia, mostrando-se grande conhecedor das Escrituras, sentindo-a presente em suas vivências, pois escrevia a partir de sua ótica religiosa. Duas coisas se destacam ao percorrer seus escritos, pois de um lado há o temor a Deus, e, de outro, a confiança na Sua infinita misericórdia. O autor sente-se mesmo como filho amparado pelo Pai, e nisso encontra forças para tudo enfrentar na vida. O que se revela com bastante nitidez na leitura é a grande fé que acompanha esse doutor da Igreja. A familiaridade com o divino é explícita. Confissões também é um livro em que a exortação à luta interior tem um grande foco, e, sem esta, todas as outras nada valem. Neste sentido, Agostinho chega a fazer drama ao contar suas experiências, estando longe e perto do bem. De outra perspectiva, essa sua obra pode ser olhada como incentivadora no que diz respeito aos que se sentem perdidos, angustiados, cansados enquanto descrentes a vagar por mares sem ancoradouro. Sim, o bispo de Hipona também soube ser poeta ao não perder de vista os sentimentos mais profundos da alma humana. E exorta todos a se escutarem, para encontrar aí a voz de Deus. "Ouça, pois, vossa voz em seu interior, quem puder!"
(Pág. 21)



DO LIIVRO CONFISSÕES ( IV ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430

Lírio Verde

 http://criadoreumso.blogspot.com
03/06/2011 (Sexta-feira)

Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.


( IV )


Nas Confissões, é possível fazer também outra leitura. Uma apologia pessoal de Agostinho, já que este tinha de enfrentar-se diretamente com seus inimigos doutrinais, os chamados "hereges", que sempre lhe lançavam ao rosto sua vida desregrada da mocidade. Em tom de humildade, o Santo consegue vencer os sarcasmos de seus perseguidores, pois entrega a eles sua autobiografia e nisso não há melhor modo de se defender. Assim, não mais haveria motivos para que os inimigos de Agostinho encontrassem nele algo de escondido. Também, outro dado relevante, é que dessa maneira ele se expunha a todo e qualquer questionamento sem dar aberturas às invenções que o detratariam. Foi um bom advogado de si mesmo, sob esse aspecto. Adiantou-se ao que poderiam fazer consigo e fê-lo primeiro, seguindo mais uma vez o Evangelho, porque "convidado a dar um passo", deu dois. Pela sua ação, calou os que tentavam caluniá-lo e assim se justifica: "Não me caluniem os soberbos, porque eu conheço bem o preço da minha redenção".
(Pág. 20)  





DO LIIVRO CONFISSÕES ( III ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430


http://criadoreumso.blogspot.com
02/05/2011 (Quinta-feira)




Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.

( III )








Mais uma vez se retrata a dualidade em Agostinho, o contraste entre a miséria humana e a grandeza de Deus. Aliás, durante a Idade Média, e mesmo depois, não serão poucas as marcas do Agostinismo na Igreja Católica. Mesmo no surgimento de novas ordens religiosas, o embate entre, por exemplo, corpo e alma, seguem de maneira forte. Para isso, basta que se tenha acesso à hagiografia e à devida contextualização. A ideia de culpa, sem dúvida, também está implícita. Ninguém se confessa caso não se sinta culpado com relação a algo, pois é de arrependimento que se trata aqui. É o que sobra ao homem pecador senão confessar as suas fraquezas? Agostinho quer, como cristão, abrir a outros o caminho que trilhou para a conversão. No fundo, esta sua obra, Confissões, é um incentivo àqueles que se sentem perdidos e confusos. O filho de Mônica vem trazer o apoio da graça divina ao espírito perturbado. Quis dividir sua experiência com todos os que tivessem acesso à Confissões, do contrário não a teria escrito. Por outro lado, quis também revelar a infinita misericódia daquele que o salvou, e assim entendia a graça divina: salvadora. É o "amém", o obrigado, de Agostinho dirigido a Deus, que lhe reconhecera nas profundezas de seu espírito e a ele desvelara os segredos mais recônditos de sua consciência.
(Pág. 19-20)

DO LIIVRO CONFISSÕES ( II ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430

Lírio Verde
http://criadoreumso.blogspot.com
02/06/2011 (Quinta-feira)




Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.


( II )


Agostinho sustentava duas famílias, porque perdeu seu pai aos vinte anos e porque amava uma mulher pobre. Nisso lhe foi de grande valia sua cadeira de retórica em Cartago. Acabou se tornando um excelente professor e pôde levar sua experiência para outros lugares. Certamente, por longo tempo, ateve-se às precauções com a mulher amada, pois sabia que teria de esperar muito para ficar com ela, pois eram de estratos sociais que não permitiam uma união pela lei. Após tanto sofrimento passional e nas questões da fé, o contato com o bispo de Milão, Ambrósio, muito o auxiliaria e seria determinante na sua futura carreira eclesiástica. Sem a mãe, que morrera, sem o filho, e, agora, querendo estender seu amor a todos que abraçassem a causa da Igreja, dedicou-se a fundação de uma comunidade monástica. Mas o Bispo Valério de Hipona, na Argélia, tinha planos para ele e recebera o endosso dos fiéis. Agostinho tornara-se vigário e, mais tarde, seria bispo da mesma cidade, Hipona, e sucessor de Valério. Nas Confissões, ele revelou-se, pela própria experiência de vida, um ótimo conselheiro tanto para questões íntimas e psicológicas quanto para questões filosóficas e teológicas. Outras obras assumiram em suas letras o espírito de luta do bispo de Hipona para sustentar o credo cristão católico. Foram elas: De Trinitate, Contra os Acadêmicos, Solilóquios, Do Livre-Arbítrio, De Magistro (publicadas neste volume), Espírito e Letra, A Cidade de Deus e as Retratações, em geral, Agostinho, de fato, conseguiu influenciar toda a Idade Média e fez parte do que os historiadores da filosofia denominaram de patrística, a filosofia dos padres da Igreja. Desta filosofia, originar-se-á mais tarde a escolástica, com São Tomás de Aquino como principal interlocutor.
(pág. 14-15)

DO LIIVRO CONFISSÕES ( I ) (DE AURÉLIUS AUGUSTINUS) *354 -430

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com
02/06/2011 (Quinta-feira)



a partir de então teremos algumas palavras de Aurelius Augustinus, elevado à categoria de santo pela Igreja Católica.


Introdução de MAURO ARAUJO DE SOUZA - Doutorando em Filosofia, mestre em Ciências da Religião e especialista em História pela PUC-SP. É ex-frade franciscano e professor de Filosofia e História desde 1985. Morou, por dois anos, em Shizuoka-Ken, no Japão. Lá, aprendeu a descobrir a riqueza da Filosofia Oriental.


( I )

Sobre o próprio Agostinho, ou mais precisamente Aurelius Augustinus, converteu-se ao cristianismo aos trinta e dois anos de idade. Em seus escritos, ele leva muito em consideração a questão da graça, pois essa fora sua experiência de busca de sentido para a sua vida. Acreditou que o caminho das Sagradas Escrituras e da fé lhe foram abertos por um chamado divino. A partir de então, o professor de retórica de Tagaste, província da Numídia, atual Argélia, estaria convertido pelas palavras do apóstolo Paulo, expressas na leitura que fora conclamado a realizar por uma voz que o guiava no momento da conversão. Mônica, sua mãe, certamente foi a responsável por sua mudança, pois, desde a infância do filho, muito rezava para que ele seguisse o caminho do cristianismo. Grandes, também, foram as experiências do converso no campo dos estudos filosóficos, além de seu contato com a perspectiva maniqueísta de explicação religiosa antes da adentrada ao mundo cristão, o que significa que ele sempre se preocupou com a questão do bem e do mal, por exemplo. Afora e antes de sua vida religiosa, sua existência fora experimentada nos prazeres, principalmente no sexual. Teve muitas amantes, porém em especial amara muito uma mulher, com quem teve um filho, Adeodato, que veio a falecer na adolescência.
(Pág. 14)

CITANDO AUTORIA

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com/
28/05/2011 (Sábado)

Todas as postagens referentes a Allan Kardec, constam do "Obras Póstumas".






sexta-feira, 27 de maio de 2011

LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE (II)

http://www.facebook.com/media/set/?set=a.214706971883136.53494.213721948648305&l=80f2e7fee4
http://criadoreumso.blogspot.com


Aqueles três princípios são, pois, conforme acima dissemos, solidários entre si e se não prestam mútuo apoio; sem a reunião deles o edifício social não estaria completo. O da fraternidade não pode ser praticado em toda pureza, com exclusão dos dois outros, porquanto, sem a igualdade e a liberdade, não há verdadeira fraternidade. A liberdade sem a fraternidade é rédea solta a todas as más paixões, que desde então ficam sem freio; com a fraternidade, o homem nenhum mau uso faz da sua liberdade: é a ordem; sem a fraternidade, usa da liberdade para dar curso a todas as suas torpezas: é a anarquia, a licença. Por isso é que as nações mais livres se veem obrigadas a criar restrições à liberdade. A igualdade, sem a fraternidade, conduz aos mesmos resultados, visto que a igualdade reclama a liberdade; sob o pretexto de igualdade, o pequeno rebaixa o grande, para lhe tomar o lugar, e se torna tirano por sua vez; tudo se reduz a um deslocamento de despotismo.

Seguir-se-á daí que, enquanto os homens não se acharem imbuídos do sentimento de fraternidade, será necessário tê-los em servidão? Dar-se-á sejam inaptas as instituições fundadas sobre s princípios de igualdade e de liberdade? Semelhante opinião fora mais que errônea; seria absurda. Ninguém espera que uma criança se ache com seu crescimento completo para lhes ensinar a andar. Quem, ao demais, os tem sob tutela? Serão homens de ideias elevadas e generosas, guiados pelo amor do progresso? Serão homens que se aproveitem da submissão dos seus inferiores para lhes desenvolver o senso moral e elevá-los pouco a pouco à condição de homens livres? Não; são, em sua maioria, homens ciosos do seu poder, a cuja ambição e cupidez outros homens servem de instrumentos mais inteligentes do que animais e que, em vez de emancipá-los, os conservam, por todo o tempo que for possível, subjugados e na ignorância.

Mas, esta ordem de coisas muda de si mesma, pelo poder irresistível do progresso. A reação é não raro violenta e tanto mais terrível, enquanto o sentimento da fraternidade, imprudentemente sufocado, não logra interpor o seu poder moderador; a luta se empenha entre os que querem tomar e os que querem reter; daí um conflito que se prolonga às vezes por séculos. Afinal, um equilíbrio fictício se estabelece; há qualquer coisa de melhor. Sente-se, porém, que as bases sociais não estão sólidas; a cada passo o solo treme, por isso que ainda não reinam a liberdade e a igualdade, sob a égide da fraternidade, porque o orgulho e o egoísmo continuam empenhados em fazer se malogrem os esforços dos homens de bem.

Todos vós que sonhais com essa idade de ouro para a Humanidade trabalhai, antes de tudo, na construção da base do edifício, sem pensardes em lhe colocar a cúpula; ponde-lhe nas primeiras fiadas a fraternidade na sua mais pura acepção. Mas, para isso, não basta decretá-la e inscrevê-la numa bandeira; faz-se mister que ela esteja no coração dos homens e não se muda o coração dos homens por meio de ordenações. Do mesmo modo que para fazer que um campo frutifique, é necessário se lhe arranquem os pedrouços e os tocos, aqui também é preciso trabalhar sem descanso por extirpar o vírus do orgulho e do egoísmo, pois que aí se encontra a causa de todo o mal, o obstáculo real ao reinado do bem. Eliminai das leis, das instituições, das religiões, da educação até os últimos vestígios dos tempos de barbárie e de  privilégios, bem como todas as causas que alimentam e desenvolvem esses eternos obstáculos ao verdadeiro progresso, os quais, por assim dizer, bebemos com o leite e aspiramos por todos os poros na atmosfera social. Somente então, os homens compreenderão os deveres e os benefícios da fraternidade e também se firmarão por si mesmos, sem abalos, nem perigos, os princípios complementares,os da igualdade e da liberdade.

Será possível a destruição do orgulho e do egoísmo? Responderemos alto e terminantemente: SIM. Do contrário, forçoso seria determinar um ponto de parada ao progresso da Humanidade. Que o homem cresce em inteligência, é fato incontestável; terá ele chegado ao ponto culminante, além do qual não possa ir? Quem ousaria sustentar tão absurda tese? Progride ele em moralidade? Para responder a esta questão, basta se comparem as épocas de um mesmo país. Por que teria ele atingido o limite do progresso moral e não o do progresso intelectual? Sua aspiração por uma melhor ordem de coisas é indício da possibilidade de alcançá-la. Aos que são progressistas cabe acelerar esse movimento por meio do estudo e da utilização dos meios mais eficientes.(Idem - pág. 235-237).

quinta-feira, 26 de maio de 2011

LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE (I)

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com
26/05/2011 (Quinta-feira)


Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas três palavras constituem, por si sós, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação. Vejamos quais os obstáculos que, no estado atual da sociedade, se lhes opõem e, ao lado do mal, procuremos o remédio.

A fraternidade, na rigorosa acepção do termo, resume todos os deveres dos homens, uns para com os outros.Significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência. É, por excelência, a caridade evangélica e a aplicação da máxima: "Proceder para com os outros, como quereríamos que os outros procedessem para conosco." O oposto do egoísmo. A fraternidade diz: "Um por todos e todos por um." O egoísmo diz: "Cada um por si." Sendo estas duas qualidades a negação uma da outra, tão impossível é que um egoísta proceda fraternalmente para com os seus semelhantes, quanto a um avarento ser generoso, quanto a um indivíduo de pequena estatura atingir a de um outro alto. Ora, sendo o egoísmo a chaga dominante da sociedade, enquanto ele reinar soberanamente, impossível será o reinado da fraternidade verdadeira. Cada um a quererá em seu proveito; não quererá, porém, praticá-la em proveito dos outros, ou, se o fizer, será depois de se certificar de que não perderá coisa alguma.

Considerada do ponto de vista da sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está na primeira linha; é a base. Sem ela, não poderiam existir a igualdade, nem a liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liberdade é consequência das duas outras.

Com efeito, suponhamos uma sociedade de homens bastante desinteressados, bastante bons e benévolos para viverem fraternalmente, sem haver entre eles nem privilégios, nem direitos excepcionais, pois de outro modo não haveria fraternidade. Tratar a alguém de irmão é tratá-lo de igual para igual; é querer quem assim o trate, para ele, o que para si próprio quereria. Num povo de irmãos, a igualdade será a consequência de seus sentimentos, da maneira de procederem, e se estabelecerá pela força mesma das coisas. Qual, porém, o inimigo da igualdade? O orgulho, que faz queira o homem ter em toda parte a primazia e o domínio, que vive de privilégios e exceções, poderá suportar a igualdade social, mas não a fundará nunca e na primeira ocasião a desmantelará. Ora, sendo também o orgulho uma das chagas da sociedade, enquanto não for banido, oporá obstáculo à verdadeira igualdade.

A liberdade, dissemo-lo, é filha da fraternidade e da igualdade. Falamos da liberdade legal e não da liberdade natural, que, de direito, é imprescritível para toda criatura humana, desde o selvagem até o civilizado. Os homens que vivam como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de benevolência recíproca, praticarão entre si a justiça, não procurarão causar danos uns aos outros e nada, por conseguinte, terão que temer uns aos outros. A liberdade nenhum perigo oferecerá, porque ninguém pensará em abusar dela em prejuízo de seus semelhantes. Mas, como poderiam o egoísmo, que tudo quer para si, e o orgulho, que incessantemente quer dominar, dar a mão à liberdade que os destronaria? O egoísmo e o orgulho são, pois, os inimigos da liberdade, como o são da igualdade e da fraternidade.

A liberdade pressupõe confiança mútua. Ora, não pode haver confiança entre pessoas dominadas pelo sentimento exclusivista da personalidade. Não podendo cada uma satisfazer-se a si própria senão à custa de outrem, todas estarão constantemente em guarda umas contra as outras. Sempre receosas de perderem o a que chamara seus direitos, a dominação constitui a condição mesma da existência de todas, pelo que armarão continuamente ciladas à liberdade e a *coarctarão quanto puderem.
(Idem - pág. 233-235)
*restringir   


quarta-feira, 25 de maio de 2011

O ORGULHO E O EGOÍSMO (V)

Lírio Verde

Criar seu atalho

http://criadoreumso.blogspot.com
25/5/2011 (Quarta-feira)


O EGOÍSMO E O ORGULHO

Suas causas, seus efeitos e os meios de destruí-los

Uma vez que haja entrado decisivamente por esse caminho, já não tendo o que os incite, o egoísmo e o orgulho se extinguirão pouco a pouco, por falta de objetivo de alimento, e todas as relações sociais se modificarão sob o influxo da caridade e da fraternidade bem compreendidas.

Poderá isso dar-se por efeito de brusca mudança? Não, fora impossível; nada se opera bruscamente em a Natureza; jamais a saúde volta de súbito a um enfermo; entre a enfermidade e a saúde, há sempre a convalescença. Não pode o homem mudar instataneamente o seu ponto de vista e volver da Terra para o céu o olhar; o infinito o confunde e deslumbra; ele precisa de tempo para assimilar as novas ideias.

O Espiritismo é, sem contradita, o mais poderoso elemento de moralização, porque mina pela base o egoísmo e o orgulho, facultando um ponto de apoio à moral. Há feito milagres de conversão; é certo que ainda são apenas curas individuais e não raro parciais. O que, porém, ele há produzido com relação a in divíduos constitui penhor do que produzirá um dia sobre as massas. Não lhe é possível arrancar de um só golpe as ervas daninhas. Ele dá a fé e a fé é a boa semente, mas mister se faz que ela tenha tempo de germinar e de frutificar, razão por que nem todos os espíritas já são perfeitos. Ele tomou o homem em meio da vida, no fogo das paixões, em plena força dos preconceitos e se, em tais circunstâncias, operou prodígios, que não será quando o tomar ao nascer, ainda virgem de todas as impressões malsãs; quando a criatura sugar com o leite a caridade e tiver a fraternidade a embalá-lo; quando enfim, toda uma geração for educada e alimentada com ideias que a razão, desenvolvendo-se, fortalecerá, em vez de falsear? Sob o domínio destas ideias, a cimentarem a fé comum a todos, não mais esbarrando o progresso no egoísmo e no orgulho, as instituições se reformarão por si mesmas e a Humanidade avançará rapidamente para os destinos que lhe estão prometidos na Terra, aguardando os do céu.
(Idem - pág. 231-232)

EU VIM AQUI PARA TE DIZER QUE

TE AMO, IRMÃO; TE AMO IRMÀ
.


Atalho do Facebook