18/05/2012 (Sexta-feira)
ILUMINE-SE!
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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
(Continuação)
Natureza do verdadeiro e do falso II.
R — Por acaso há alguma coisa que se diga verdade senão aquilo que por ela é verdadeiro o que há de verdadeiro?
A — De modo algum.
R — Acaso não se chama, com razão, verdadeiro aquilo que não é falso?
A – Realmente, é uma loucura duvidar disso.
R — Acaso não é falso aquilo que se assemelha a alguma coisa sem, contudo, ser aquilo a que se assemelha?
A — Não vejo outra coisa a que chamar de falso. Mas costuma-se também chamar de falso aquilo que está longe da verossimilhança.
R — Quem os nega? Entretanto, terá alguma imitação em relação ao verdadeiro.
A — Como? Pois quando se diz que Medeia voou em serpentes aladas atreladas, não há como isto imite o verdadeiro porque, por não existir, não pode imitar algo uma coisa totalmente inexistente.
R — Tem razão. Mas não percebes que o que é totalmente inexistente tampouco se pode chamar falso? Pois se é falso, existe. Se não existe, não é falso.
A – Então, não sei se diremos que no relato de Medeia se trata de um monstro falso.
R — Certamente não. Se é falso, como é um monstro?
A — É estranho. Acaso quando ouço: "Imensas serpentes aladas por um jugo atreladas", não digo que isso é falso?
R — Certamente. Há algo que se possa dizer falso.
A — O quê?
R — A sentença enunciada no próprio verso.
A — Afinal, qual é a imitação que ela apresenta em relação ao verdadeiro?
R — Porque ela seria anunciada do mesmo modo, ainda que Medeia realmente o tivesse feito. Portanto, uma sentença falsa, por sua própria expressão, imita sentenças verdadeiras. Se ninguém acredita nisso, ela apenas imita verdadeiras sentenças ao e expressar assim; e apenas é falsa, mas não enganadora. Mas se leva consigo credibilidade, ela imita também sentenças verdadeiras que são cridas.
A — Agora compreendo que há grande diferença entre o que atribuímos e os sujeitos aos quais atribuímos algo. Pelo que agora estou de acordo, pois eu era retido unicamente pelo fato de que aquilo que denominamos falso não o é se não tiver alguma imitação em relação ao verdadeiro. Quem não ri quando alguém diz que a pedra é uma falsa prata? Contudo, se alguém afirmar que a pedra é prata, dizemos que ele afirma uma coisa falsa, isto é, profere uma sentença falsa. Ao passo que, na minha opinião, chamamos falsa prata o estanho ou o chumbo, porque de algum modo imita a realidade. Pelo que não é a nossa sentença que é falsa, mas sim o próprio sujeito ao qual a atribuímos.
(Continua)
(Por Aurelius Auustinus *354 +430).
(Continuação)
Natureza do verdadeiro e do falso II.
R — Por acaso há alguma coisa que se diga verdade senão aquilo que por ela é verdadeiro o que há de verdadeiro?
A — De modo algum.
R — Acaso não se chama, com razão, verdadeiro aquilo que não é falso?
A – Realmente, é uma loucura duvidar disso.
R — Acaso não é falso aquilo que se assemelha a alguma coisa sem, contudo, ser aquilo a que se assemelha?
A — Não vejo outra coisa a que chamar de falso. Mas costuma-se também chamar de falso aquilo que está longe da verossimilhança.
R — Quem os nega? Entretanto, terá alguma imitação em relação ao verdadeiro.
A — Como? Pois quando se diz que Medeia voou em serpentes aladas atreladas, não há como isto imite o verdadeiro porque, por não existir, não pode imitar algo uma coisa totalmente inexistente.
R — Tem razão. Mas não percebes que o que é totalmente inexistente tampouco se pode chamar falso? Pois se é falso, existe. Se não existe, não é falso.
A – Então, não sei se diremos que no relato de Medeia se trata de um monstro falso.
R — Certamente não. Se é falso, como é um monstro?
A — É estranho. Acaso quando ouço: "Imensas serpentes aladas por um jugo atreladas", não digo que isso é falso?
R — Certamente. Há algo que se possa dizer falso.
A — O quê?
R — A sentença enunciada no próprio verso.
A — Afinal, qual é a imitação que ela apresenta em relação ao verdadeiro?
R — Porque ela seria anunciada do mesmo modo, ainda que Medeia realmente o tivesse feito. Portanto, uma sentença falsa, por sua própria expressão, imita sentenças verdadeiras. Se ninguém acredita nisso, ela apenas imita verdadeiras sentenças ao e expressar assim; e apenas é falsa, mas não enganadora. Mas se leva consigo credibilidade, ela imita também sentenças verdadeiras que são cridas.
A — Agora compreendo que há grande diferença entre o que atribuímos e os sujeitos aos quais atribuímos algo. Pelo que agora estou de acordo, pois eu era retido unicamente pelo fato de que aquilo que denominamos falso não o é se não tiver alguma imitação em relação ao verdadeiro. Quem não ri quando alguém diz que a pedra é uma falsa prata? Contudo, se alguém afirmar que a pedra é prata, dizemos que ele afirma uma coisa falsa, isto é, profere uma sentença falsa. Ao passo que, na minha opinião, chamamos falsa prata o estanho ou o chumbo, porque de algum modo imita a realidade. Pelo que não é a nossa sentença que é falsa, mas sim o próprio sujeito ao qual a atribuímos.
(Continua)
(Por Aurelius Auustinus *354 +430).
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