04/06/2012 (Segunda-feira)
ILUMINE-SE!
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OS DIREITOS AUTORAIS DE "SOLILÓQUIOS E A VIDA FELIZ" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.
(Continuação)
Quem possui a Deus?
Todos aceitaram essa conclusão, com alegria e entusiasmo. Disse então:
—Resta-nos apenas procurar uma coisa: quem entre os homens possui a Deus? Pois, sem dúvida, tal homem será feliz. Dizei, por favor, qual o vosso pensamento sobre esse ponto.
Licêncio opinou:
_ Possui a Deus quem vive bem.
— Possui a Deus quem faz o que Deus quer que se faça, disse Trigésio.
Lastidiano aderiu a essa opinião. Adeodato, o mais jovem de todos, sugeriu então:
— Possui a Deus quem não tem em si o espírito imundo.
Quanto à minha mãe, aprovou todas as opiniões, principalmente a última. Navígio calava-se. Como lhe perguntei o que pensava, declarou que a reflexão de Adeodato fora a que mais lhe agradara. Não pensei dever me abster de perguntar ao próprio Rústico qual era sua ideia a respeito de tão grave questão, pois me pareceu ser mais por timidez do que por deliberação o seu silêncio. Pôs-se em conformidade com a opinião de Trigésio.
Apresentação de questão extra
Retomei então:
— Conheço agora o que cada um pensa sobre essa questão fundamental, acima da qual nada temos de procurar, nem coisa alguma a descobrir. Todavia, aprofundemos a investigação com espírito sincero e sereno, aliás, como já iniciamos a fazê-lo. Seria entretanto longo demais para o dia de hoje. Em tais festins, o espírito também deve temer uma espécie de intemperança, jogar-se imoderadamente e com gula sobre os manjares servidos. Desse modo o alimento seria mal digerido. Isso é tanto mais para se recear para a saúde do espírito, do que a inanição de que falamos. Não vos parece que vale mais tratarmos amanhã dessa questão, com apetite renovado? Contentai-vos, agora, em degustar somente o manjar espiritual que eu, como anfitrião, tive de súbito a ideia de vos oferecer. E salvo engano, será como o que costumamos servir em último lugar, preparado e condimentado com o mel da Escola.
A essas palavras, todos estenderam a mão, como para alcançar o prato que eu lhes acenava a distância. Solicitaram que eu me apressasse a lhes revelar que tipo de manjar seria esse.
— Pois bem, que vos parece? Julgais que terminamos completamente a discussão iniciada a respeito dos acadêmicos?
A esse nome "acadêmicos", os três que estavam a par da questão levantaram-se com vivacidade e estenderam as mãos, como é de costume ser feito ao se ajudar o servente que apresenta os pratos à mesa. E mostraram por palavras, do melhor modo que podiam, não terem ouvido notícia mais agradável.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
Quem possui a Deus?
Todos aceitaram essa conclusão, com alegria e entusiasmo. Disse então:
—Resta-nos apenas procurar uma coisa: quem entre os homens possui a Deus? Pois, sem dúvida, tal homem será feliz. Dizei, por favor, qual o vosso pensamento sobre esse ponto.
Licêncio opinou:
_ Possui a Deus quem vive bem.
— Possui a Deus quem faz o que Deus quer que se faça, disse Trigésio.
Lastidiano aderiu a essa opinião. Adeodato, o mais jovem de todos, sugeriu então:
— Possui a Deus quem não tem em si o espírito imundo.
Quanto à minha mãe, aprovou todas as opiniões, principalmente a última. Navígio calava-se. Como lhe perguntei o que pensava, declarou que a reflexão de Adeodato fora a que mais lhe agradara. Não pensei dever me abster de perguntar ao próprio Rústico qual era sua ideia a respeito de tão grave questão, pois me pareceu ser mais por timidez do que por deliberação o seu silêncio. Pôs-se em conformidade com a opinião de Trigésio.
Apresentação de questão extra
Retomei então:
— Conheço agora o que cada um pensa sobre essa questão fundamental, acima da qual nada temos de procurar, nem coisa alguma a descobrir. Todavia, aprofundemos a investigação com espírito sincero e sereno, aliás, como já iniciamos a fazê-lo. Seria entretanto longo demais para o dia de hoje. Em tais festins, o espírito também deve temer uma espécie de intemperança, jogar-se imoderadamente e com gula sobre os manjares servidos. Desse modo o alimento seria mal digerido. Isso é tanto mais para se recear para a saúde do espírito, do que a inanição de que falamos. Não vos parece que vale mais tratarmos amanhã dessa questão, com apetite renovado? Contentai-vos, agora, em degustar somente o manjar espiritual que eu, como anfitrião, tive de súbito a ideia de vos oferecer. E salvo engano, será como o que costumamos servir em último lugar, preparado e condimentado com o mel da Escola.
A essas palavras, todos estenderam a mão, como para alcançar o prato que eu lhes acenava a distância. Solicitaram que eu me apressasse a lhes revelar que tipo de manjar seria esse.
— Pois bem, que vos parece? Julgais que terminamos completamente a discussão iniciada a respeito dos acadêmicos?
A esse nome "acadêmicos", os três que estavam a par da questão levantaram-se com vivacidade e estenderam as mãos, como é de costume ser feito ao se ajudar o servente que apresenta os pratos à mesa. E mostraram por palavras, do melhor modo que podiam, não terem ouvido notícia mais agradável.
(Continua)
(Por Aurelius Augustinus *354 +430).
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