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GALÁXIA, ALFA, Brazil
Simples como a brisa, complexo como nós. Nascido em 25/5/1925.

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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A MEDIDA DO TEMPO REALIZA-SE EM NOSSA MENTE ( III ) — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

http://criadoreumso.blogspot.com
30/11/2011 (Quarta-feira)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


O verso "Deus creator omnium¹ é composto de oito sílabas, breves e longas alternadas entre si: as quatro breves, isto é, a primeira, a terceira, a quinta e a sétima, são simples em relação às quatro longas, isto é, a segunda, a quarta, a sexta e a oitava. Estas duram, cada uma, um tempo duplo em relação às breves; eu pronuncio e o percebo claramente pelo testemunho dos sentidos. Segundo o que estes me revelam, meço a sílaba longa pela breve, e vejo que a longa contém duas vezes a breve. Mas quando soa uma após a outra, se a primeira é breve e a segunda é longa, como reter a breve? Como aplicá-la para medí-la e averiguar que tem o dobro da duração, uma vez que a longa só começa a ressoar no momento em que a breve tenha cessado? E como medir esta longa quando está presente, se só posso medi-la quando tiver terminado? E uma vez terminada, passou. Que medirei então? Onde está a breve que me serve de medida? E a longa que devo medir? Ambas soaram, voaram, passaram e não mais existem. Meço-as e afirmo confiadamente, com a certeza de que me pode dar a experiência dos sentidos, que no espaço de tempo uma é simples, a outra é dupla. E posso dizê-lo porque passaram e terminaram. Portanto, já não meço as sílabas, porque não mais existem; meço alguma coisa delas que permanece gravada na minha memória.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
¹ Ver acima, IX livro, cap. 12. (blogado  em 18/08/2011).

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A MEDIDAD DO TEMPO REALIZA—SE EM NOSSA MENTE ( II ) LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

http://criadoreumso.blogspot.com
29/11/2011 (Terça-feira)

OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


O fato é que ainda soa, e não podemos medir, a não ser desde o início, desde quando começou a soar, até o fim, quando cessar. Os intervalos são medidos justamente desde certo inicio até certo fim. Por isso, não pode ser medida a voz que ainda não terminou. Não podemos calcular a sua duração longa ou breve, nem podemos afirmar que é igual a outra, ou que a relação seja simples ou dupla, ou que tenha outra qualquer proporção. Logo que essa voz cessar, ficará destruída da existência. De que modo então poderá ser medida? Com efeito, medimos o tempo, mas não o que ainda não existe, nem o que já não existe, nem o que não tem extensão, nem o que não tem limites. Em outras palavras, não medimos o futuro, nem o passado, nem o presente, nem o tempo que está passando. E no entanto, medimos o tempo.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A MEDIDA DO TEMPO REALIZA—SE EM NOSSA MENTE ( I ) LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

http://criadoreumso.blogspot.com
28/11/2011 (Segunda-feira)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


Insiste, ó minha alma, e presta redobrada atenção: "Deus é a nossa ajuda.¹ Foi Ele quem nos fez, e não nós que nos criamos".² Olha para lá onde surge a aurora da verdade. Imagina, por exemplo, que a voz de um corpo começa a soar, soa e continua a vibrar. Depois cessa; vem o silêncio. A voz passou, não existe mais. Antes de soar era futura e não podia ser medida, porque ainda não existia, e agora não pode porque não existe mais. Podíamos medi-la naquele instante em que soava, porque existia e podia ser medida. Mas mesmo nesses momentos não era estável, porque vinha e passava. Será que esta instabilidade é que a tornava mensurável? De fato, enquanto passava,  prolongava-se por certo espaço de tempo, durante o qual podia ser medida, mas o presente não tem extensão. Se então era possível medi-la, imagina que outra vez comece a soar, numa vibração contínua e de igual intensidade. Vamos medi-la enquanto soa, porque quando cessar de vibrar será passada, e nada haverá para medir. Vamos medi-la e dizer quanto dura.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).
¹ Sl 61,9.
² Sl 99,3.

domingo, 27 de novembro de 2011

SERÁ O TEMPO SIMPLESMENTE EXTENSÃO? LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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27/11/2011 (Domingo)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


Porventura não é sincera a minha alma ao dizer-Te que posso medir o tempo? Então, meu Deus, meço sem saber o que meço? Meço com o tempo o movimento de um corpo, e não posso medir do mesmo modo também o tempo? Seria possível medir a duração do movimento de um corpo, e quanto o corpo demora para chegar de um lugar a outro, sem medir o tempo em que se move? E com que meço o tempo? Posso medir um tempo mais longo com o espaço mais breve de tempo, do mesmo modo que medimos o comprimento de um caibro com uma unidade menor? De fato, medimos a duração de uma sílaba longa com a duração de uma breve, e dizemos que a primeira é o dobro da segunda. Assim, medimos a extensão de um poema pelo número de versos, o comprimento dos versos pelo número de pés, e a dimensão dos pés com a dimensão das sílabas*, e a dimensão das sílabas longas com a dimensão das sílabas breves, e não pelas páginas, pois desse modo estaríamos medindo espaços e não tempos. Conforme as palavras passam e nós as pronunciamos dizendo: "Este poema é extenso porque se compõe de tantos versos; estes versos são longos porque se compõem de tantos pés;* estes pés* são longos porque feitos de tantas sílabas; e esta é uma sílaba longa, porque é o dobro de uma breve. Todavia, nem desse modo chegamos à noção exata da medida do tempo, porque pode suceder que um verso breve, recitado lentamente, dure mais tempo que um verso mais longo recitado apressadamente. O mesmo acontece a um poema, a um pé* ou a uma sílaba. Daí concluo que o tempo nada mais é do que extensão. Mas extensão de quê? Ignoro. Seria surpreendente, se não fosse a extensão da própria alma. Portanto, dize-me, eu Te suplico, meu Deus, que coisa meço eu quando me exprimo de modo indeterminado: "Este tempo é mais longo do que aquele"; ou quando digo, de modo mais preciso: "Este tempo é o dobro daquele"? Sei perfeitamente que meço o tempo, mas não o futuro, porque ainda não existe; nem o presente porque não tem extensão, nem o passado porque não existe mais. Que meço eu então? O tempo que está passando, e não o que já passou? Isto é de fato o que tinha dito antes.¹


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).
¹ Ver acima, XI livro, cap. 16. {blogado em 15/11/11).
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sábado, 26 de novembro de 2011

CONFISSÃO E INVOCAÇÃO — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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26/11/2011 (Sábado)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


Confesso—Te, Senhor, que não sei ainda o que é tempo, e, no entanto, sei que pronuncio estas palavras no tempo. Sei também que há muito estou falando do tempo, e que este "muito" não é outra coisa senão uma duração de tempo. Como posso saber isso, se ignoro o que seja o tempo? Será que não sei exprimir o que sei? Ai de mim, que nem ao menos sei o que ignoro! Senhor, Tu vês que eu não minto. Eu Te falo de coração. Tu me acenderás a lâmpada, Senhor meu Deus,¹ e iluminarás as minhas trevas!

(Por Aurelius Augustinus  354  +430).
¹ Cf. Sl 17,29.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O TEMPO NÃO É O MOVIMENTO DOS CORPOS — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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25/11/2011 (Sexta-feira)

OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.

Desejas que eu concorde com quem diz que o tempo é o movimento dos corpos? É claro que não concordo. De fato, os corpos só se pode mover no tempo. Eu sei e Tu o afirmas. No entanto, não creio que o próprio movimento do corpo seja o tempo: isso não o dizes. Quando um corpo se move, posso medir com o tempo a duração do seu movimento, do começo ao fim. Se não vi quando começou, e continua o movimento, sem que eu veja quando acaba, não posso medi-lo. Posso fazê-lo somente do momento em que comecei a vê-lo até deixar de vê-lo. Se o vejo durante um tempo longo, apenas posso dizer que é um tempo longo, mas não quanto; isto, somente por comparação podemos avaliar. Dizemos, por exemplo: "Isto durou tanto quanto aquilo", ou: "Isto durou o dobro daquilo", e assim por diante. No entanto, se pudermos observar os pontos de partida e chegada de um corpo em movimento, ou de suas partes, no caso de mover-se em círculo, poderemos dizer quanto tempo foi empregado pelo corpo, ou pelas suas partes, para mover-se de um ponto a outro. Portanto, o movimento do corpo é diferente da medida de sua duração. E quem não entende qual destas duas realidades deva ser chamada de tempo? Se um corpo, ora se move de maneira desigual, ora está parado, medimos com o tempo, não só o seu movimento, mas também o seu repouso, e dizemos: "esteve tanto tempo parado quanto em movimento"; ou: "Esteve parado o dobro ou o triplo do tempo em que esteve em movimento"; ou qualquer outro intervalo de tempo, que aproximadamente tenham calculado ou avaliado. Em conclusão, o tempo não é o movimento dos corpos.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O TEMPO E O MOVIMENTO DOS ASTROS ( II ) — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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24/11/2011 (Quinta-feira)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


Meu desejo é conhecer o valor e a natureza do tempo, com o qual medimos os movimentos dos corpos, e dizemos, por exemplo, que um movimento é, quanto ao tempo, duas vezes mais longe do que outro. É isto que desejo saber: denominamos dia, não somente o período de tempo que o sol está sobre a terra, e que dá origem à distinção entre dia e noite, mas também ao giro completo de oriente a oriente, pelo qual dizemos:* "Passaram-se tantos dias". E como compreendemos por dia também as respectivas noites, sem excluí-las. Ora, se o dia se completa pelo movimento de rotação do sol de oriente a oriente, procuro saber se o dia é o próprio movimento ou o intervalo de tempo durante o qual esse movimento realiza, ou as duas coisas. Se o dia fosse o movimento do sol, teríamos um dia, mesmo se o sol completasse aquele seu percurso no intervalo de uma hora. Se a duração do percurso do sol constituísse o dia, não haveria um dia se o intervalo entre um nascer a outro do sol durasse apenas uma hora. Seria preciso que o sol desse vinte e quatro voltas para completar um dia.* Se um dia consistisse no movimento do sol e na duração desse movimento, não se poderia chamar de dia ao giro do sol que se completasse em uma hora, nem, na hipótese de o sol parar, ao espaço de tempo que ele utiliza hoje para percorrer o circuito habitual de uma a outra manhã.* Portanto, não me pergunto mais o que seja o dia, e sim o tempo, este tempo com o qual medimos o movimento de rotação do sol. Assim poderíamos dizer que tal movimento foi completado em um tempo que é a metade do habitual, se executados em doze horas. Comparando as duas durações, diremos que uma é simples e a outra é dupla, ainda que o sol empregasse, de um nascer a outro, às vezes o tempo simples, outras vezes o tempo duplo. Portanto, ninguém me diga que o tempo é o movimento dos corpos celestes. Porque, quando o sol parou a pedido de um homem1 para que pudesse concluir vitoriosamente uma batalha, o sol estava parado, mas o tempo continuava a passar. Com efeito, aquela batalha foi conduzida a termo no espaço de tempo que lhe era suficiente. Vejo portanto, que o tempo é uma espécie de extensão. Será que o percebo realmente, ou tenho a ilusão de viver? Mostra-me Tu, ó Luz, ó Verdade.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).
* Grifos do blogueiro — Àquela época o Sistema solar era desconhecido, e na teoria vigente, a terra era o centro do universo; o que não invalida os questionamentos augustinianos, até hoje, pertinentes. 
1 Cf. Js 10,12s.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O TEMPO E O MOVIMENTO DOS ASTROS — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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23/11/2011 (Quarta-feira)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.


Ouvi um homem instruído dizer que o tempo nada mais é que o movimento do sol, da lua e das estrelas.1 Mas eu não concordei. Antes, por que não seria o movimento de todos os corpos? Se os astros parassem e a roda do oleiro continuasse a mover-se, deixaria de existir o tempo para medirmos a volta dela? Acaso não poderíamos dizer que essas voltas se realizam em espaços iguais, ou que uns são mais longos, outros mais curtos se a roda algumas vezes se move mais devagar, outras vezes mais depressa? E dizendo isso, não falamos também nós no tempo, e não há em nossas palavras algumas sílabas longas e outras breves, pelo fato de umas ressoarem durante mais tempo e outras durante menos tempo? Ó Deus, concede aos homens verem nesse modesto fato os conceitos comuns das pequenas e das grandes realidades. Existem astros e luzes no céu que servem como sinais para indicar as estações, os dias e os anos.2  Contudo, assim como eu não ousaria afirmar que uma volta daquela roda de madeira representa um dia, também aquele homem instruído não se atreva a dizer que não represente um tempo.*

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
1 Não se sabe a quem Agostinho quer aludir em particular; a opinião citada é dos filósofos pitagóricos: Platão, Aristóteles, Filon e outros.
2 Cf. Gn 1,14.
* Grifo do blogueiro.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

AGOSTINHO DESEJA ARDENTEMENTE ENTENDER ESSE PROBLEMA — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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22/11/2011 (Terça-feira)


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Meu espírito arde no desejo de penetrar nesse intrincadíssimo mistério. Não impeças, Senhor meu Deus, Pai bondoso, eu Te peço pelo amor de Cristo, não impeças ao meu desejo a compreensão desses fatos. Embora comuns, são tão obscuros. Ó Senhor, faze que eu penetre neles e que eles se iluminem à Luz da Tua misericórdia. A quem devo consultar sobre esses assuntos? A quem confessar minha ignorância com mais fruto do que a Ti, a quem não desagrada o ardor que me inflama por Tuas Santas Escrituras? Concede-me o que amo, pois Tu me concedeste a graça de amar. Dá-me, ó Pai, o que Te peço, Tu que sabes dar boas dádivas aos Teus filhos.1 Dá-me esta luz, porque determinei conhecê-la, e será muito penosa tal tarefa,2 até que me reveles a verdade.3  Eu Te peço em nome de Cristo, O Santo dos a santos; que ninguém perturbe meu esforço. Acreditei, e por isso falo.4 É esta a minha esperança, pela qual vivo: que eu contemple as delícias de Deus.5 Tornaste velhos os meus dias;6 eles passam e nem sei como. Falamos de um tempo e de outro tempo, de tempos diversos: "Por quanto tempo ele falou"?" "Em quanto tempo ele fez isso?" "Há quanto tempo não o vejo?" Esta sílaba é longa, tem o dobro da outra que é breve". Usamos e ouvimos expressões assim. E nos fazemos compreender, e compreendemos. São palavras muito claras e muito comuns, mas ao mesmo tempo são muito obscuras, e sua descoberta parece novidade.

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).
1 Cf. Mt 7,11.
2 Cf. Sl 72,16.
3 Cf. Mt 7,7s.
4 Cf. Sl 115,10; 2Cor 4,13.
5 Cf. Sl 26,4.
6 Cf. Sl 38,6.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A MEDIDA DO TEMPO — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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21/11/2011 (Segunda-feira)


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Eu disse há pouco que nós medimos o tempo que passa, de modo que podemos afirmar que este tempo é o dobro daquele que é simples, ou dura tanto este quanto aquele; ou também podemos indicar qualquer outra relação entre intervalos de tempo. Como dizíamos, medimos o tempo no momento em que este passa. E se alguém me perguntar: "Como o sabes?" Responderei: "Sei disso porque o medimos, e não se pode medir o que não existe. Ora, o passado e o futuro não existem". Quanto ao presente, como o podemos medir, se não tem extensão? Nós o medimos enquanto ele passa. No entanto, quando já tiver passado, não se mede, porque já não haverá nada a medir. Donde então vem ele, por onde passa e para onde vai? Não pode vir senão do futuro, não pode passar senão pelo presente, e não pode acabar senão no passado. Provém daquilo que ainda não existe, atravessa o que não tem dimensão, para mergulhar no que já não existe. Todavia, o que medimos nós, senão o tempo tomado no espaço? De fato, afirmando que há tempos simples, duplos, triplos e iguais entre si ou com qualquer outra relação recíproca, e porque os consideramos como espaços de tempo. Mas, então, em que espaços medimos o tempo no momento em que passa? Talvez no futuro de onde parte? Mas não se pode medir o que ainda não existe. Será no presente por onde ele passa? Mas não se pode medir um espaço sem extensão. Será no passado para onde vai? Não se pode medir o que não mais existe.

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)

domingo, 20 de novembro de 2011

SÓ DE MANEIRA IMPRÓPRIA SE FALA DE PASSADO, PRESENTE E FUTURO

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20/11/2011 (Domingo)


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Agora está claro e evidente para mim que o futuro e o passado não existem, e que não é exato falar de três tempos — passado, presente e futuro. Seria talvez mais justo dizer que os tempos são três, isto é, o presente dos fatos passados, o presente dos fatos presentes, o presente dos fatos futuros. E estes três tempos estão na mente e não os vejo em outro lugar. O presente do passado é a memória. O presente do presente é a visão. O presente do futuro é a espera. Se me é permitido falar assim, direi que vejo e admito três tempos, e três tempos existem. Diga-se mesmo que há três tempos: passado, presente e futuro, conforme a expressão abusiva em uso. Admito que se diga assim. Não me importo, não me oponho nem critico tal uso, contanto que se entenda: o futuro não existe agora, nem o passado. Raramente se fala em exatidão. O mais das vezes falamos impropriamente, mas entende-se o que queremos dizer.

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)


sábado, 19 de novembro de 2011

O MISTÉRIO DA PROFECIA — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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19/11/2011 (Sábado)


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Dize-nos, pois, ó Rei da criação, de que maneira mostras às almas os fatos futuros? De fato os mostraste aos Teus profetas. Senhor, de que modo ensinas as coisas futuras, Tu, para quem não existe futuro? Ou antes, como ensinas a eles o que há de presente nos acontecimentos futuros já que não existe aquilo que não pode ser mostrado? Esse Teu modo de agir está longe da minha capacidade de entender; transcende as minhas forças, não o posso atingir.1 Com a Tua força, o poderia, quando a concederes a mim, ó Doce Luz dos olhos2 de minha alma!

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
1 Cf. Sl138,6.
2 Cf. Ecl 11,7.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

COMO SE FAZ PARA FALAR DO PASSADO OU PARA PREDIZER O FUTURO? — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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18/11/2011 (Sexta-feira)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.




Qualquer que seja a natureza dessa misteriosa previsão do futuro, não podemos ver senão o que existe. Mas o que existe não é futuro e sim presente. Por conseguinte, quando dizemos que vemos o futuro, não se veem os próprios acontecimentos ainda inexistentes — isto é, o futuro —, mas sim as causas ou os sinais precursores que já existem. Portanto , para quem vê, não se trata do futuro, mas do presente, do qual é tirada a predição de um futuro concebido na mente. Por sua vez, essas imagens já existem, e aqueles que fazem predições as veem presentes diante de si. Tomemos um exemplo entre muitos possíveis. Vejo a aurora e posso predizer que o sol está para surgir. O fenômeno que observo está presente, o que prevejo é futuro. Não é futuro o sol, que já existe, mas sim o seu surgimento, que ainda não se realizou. Todavia, se eu não tivesse no espírito uma imagem desse surgimento, como tenho no momento em que falo, não o poderia prever. No entanto, nem essa aurora que vejo, e que também precede o nascer do sol, nem a imagem dela são o próprio nascimento do sol: são dois os fatos presentes que vejo e que me servem para predizer um acontecimento futuro. Portanto, o futuro ainda não existe. Se ainda não existe, não existe; e se não existe, de maneira nenhuma pode ser visto, mas podemos predizê-lo mediante os fatos presentes, que existem e que vemos.


(Por Aurelius Augustinus *354  +430).

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

COMO SE FAZ PARA FALAR DO PASSADO OU PARA PREDIZER O FUTURO? — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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17/11/2011 (Quinta-feira)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.




Permite, ó Senhor, ó minha esperança, que eu prossiga na busca e não seja perturbada esta minha tentativa. Se futuro e passado existem, quero saber onde estão. Se ainda não consigo compreender, todavia sei que, onde quer que estejam, não serão futuro nem passado, mas presente. Se aí fosse futuro, não existiria ainda; e se fosse passado, já não existiria. Por conseguinte, em qualquer parte onde estiverem, seja o que for, não podem existir senão no presente. Quando narramos os acontecimentos passados, que são verdadeiros, nós os tiramos da memória. Mas não são os fatos em si, uma vez que são passados, e sim as palavras que exprimem as imagens que os próprios fatos, passando pelos sentidos, deixaram expressas no espírito. Minha infância, que não existe mais, está no passado, que também não mais existe. Mas a imagem dela, quando a evoco e é objeto de alguma conversa, eu a vejo no presente, porque está ainda na minha memória. Confesso-Te, meu Deus, que não sei se é análogo o caso da predição do futuro, com a qual se preveem, como já existentes, as imagens das coisas que ainda não existem. Sei com certeza que nós premeditamos nossas ações futuras e que tal premeditação é presente, mas o ato que premeditamos ainda não existe, porque é futuro. Quando empreendermos e começarmos a realizar o que premeditávamos, então esse ato existirá, pois não será mais futuro, e sim presente.

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A EXISTÊNCIA DO PASSADO E DO FUTURO — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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16/11/2011 (Quarta-feira)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.




Pai, eu busco, não afirmo. Ó Deus, vigia os meus passos e guia-me. Quem se atreveria a dizer-me que não há três tempos — conforme aprendemos na infância e ensinamos às crianças, isto é, o passado, o presente e o futuro —, mas somente o presente, porque os outros dois não existem? Ou poderemos dizer que eles realmente existem, e que o futuro, tornando-se presente, sai de algum lugar oculto, e que tornando-se passado, torna a entrar em algum lugar secreto? Na realidade, aqueles que predisseram o futuro onde é que o viram, se ainda não existia? Não se pode ver o que não existe. E aqueles que narram coisas passadas não poderiam relatar coisas verdadeiras, se não as vissem na mente. Ora, se o passado realmente não existisse, de modo algum poderia ser percebido. De onde se conclui que tanto o futuro como o passado existem.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PODE-SE MEDIR O TEMPO? — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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15/11/2011 (Terça-feirta)

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Todavia, Senhor, percebemos os intervalos do tempo, comparamos um com o outro, e afirmamos que uns são mais longos, outros mais breves. Medimos também quanto um tempo é mais longo ou mais breve que outro, e depois afirmamos que este é o dobro ou o triplo, enquanto aquele é simples; ou, ainda, dura tanto este quanto aquele. Mas se fazemos tais cálculos, é porque temos a percepção do tempo que está passando. Mas quem pode medir o tempo passado, que agora já não existe, ou o tempo futuro, que ainda não existe, se não tiver a coragem de dizer que pode medir o que não existe? Portanto, pode-se perceber e medir o tempo que está passando; mas se já é passado não se pode mais medir, porque não existe.*

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).
* Grifo do blogueiro.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

PASSADO, PRESENTE E FUTURO ( III) — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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14/11/2011 (Segunda-feira)


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Sendo assim, o tempo presente, o único que pensávamos poder chamar longo, está reduzido apenas ao espaço de um só dia. Mas, se examinarmos atentamente também este dia, chegaremos à conclusão de que nem a duração de um dia é toda ela tempo presente. O dia e a noite compõem-se de vinte e quatro horas, entre as quais a primeira tem as outras todas como futuras, e a última tem a todas como passadas. E em relação a qualquer hora intermediária, algumas são passadas, outras são futuras. E essa mesma hora é composta de fugitivos instantes: o que se foi é passado, o que ainda resta é futuro. Se pudermos conceber um espaço de tempo que não seja suscetível de não ser dividido em minúsculas partes de momentos, só a este podemos chamar tempo presente.* Esse, porém, passa tão velozmente do futuro ao passado, que não tem nenhuma duração. Se tivesse alguma duração, dividir-se-ia em passado e futuro. Logo, o tempo presente não tem extensão alguma. Onde se encontra então o tempo que possa ser chamado de longo? O futuro? Não dizemos certamente que é longo, porque não existe ainda. Dizemos, sim, que será longo. E quando será? Se esse tempo ainda agora está para vir, não será longo, pois ainda não existe nele aquilo que seja capaz de ser longo. Mas só o poderá começar a ser no instante em que nascer desse futuro — que ainda não existe – e se tornar tempo presente, porque só então será capaz de ser longo. Mas, pelo que dissemos até aqui, o presente clama que não pode ser longo.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).
* Grifo do blogueiro.

domingo, 13 de novembro de 2011

PASSADO, PRESENTE E FUTURO ( II ) — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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13/11/2011 (Domingo)


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Vejamos, portanto, ó alma humana, se pode ser longo o tempo presente, desde o momento que te foi concedido o poder de perceber e de medir-lhe a duração. Que me responderás? Talvez cem anos presentes sejam um tempo longo? Considera primeiro: cem anos podem ser presentes? Se está transcorrendo o primeiro deles, este, sim, é presente, mas os outros noventa e nove são futuros, isto é, ainda não existem. Se decorre o segundo, o primeiro é já passado, o segundo é presente, e todos os outros são futuros. O mesmo acontece a cada um dos anos intermediários que escolhermos; apenas um será presente, os anteriores serão passados, e os posteriores serão futuros. Portanto, cem anos não podem ser presentes. E o que está transitando poderá ser presente? Na realidade, se estamos no primeiro mês, os restantes são futuros; quando estivermos no segundo, o primeiro é passado e os outros ainda não existem. Portanto, nem mesmo o ano presente é totalmente presente. De fato, o ano é feito de doze meses; quando um deles está em curso, é presente, enquanto os outros são passados ou futuros. Nem sequer, porém, o mês que está decorrendo é presente, mas somente o dia. Tratando-se do primeiro dia, todos os outros são futuros; se se trata do último, todos os outros são passados; se é um dia intermediário, está entre dois dias: um passado e um futuro.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430).

sábado, 12 de novembro de 2011

PASSADO, PRESENTE E FUTURO ( I ) — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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12/11/2011 (Sábado)


OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.



No entanto, costumamos dizer que um tempo é longo e outro é breve, referindo-nos somente ao passado e ao futuro. Por exemplo, cem anos passados, cem anos a vir, é um tempo longo; enquanto dez dias passados ou dez dias a vir são tempos breves.

Mas como se pode chamar de longo ou breve àquilo que não existe? O passado não existe mais, o futuro ainda não existe. Portanto, seria melhor dizermos em relação ao passado: foi longo; e do futuro: será longo. Meu Senhor, minha Luz,¹ será que nesta questão a Tua Verdade irá escarnecer do homem? Aquele tempo passado foi longo, quando era já passado ou quando ainda era presente? Podia ser longo apenas no momento em que existia; uma vez passado, não mais existia; Portanto, não podia ser longo, porque de fato não existia. Portanto, não vamos dizer que o tempo passado foi longo, porque não acharemos o que possa ter sido longo, desde o momento que, uma vez passado, já não existe. Digamos antes que foi longo aquele tempo presente, porque foi longo enquanto presente. Ainda não havia passado ao não existir e, portanto, era uma coisa que podia ser longa. Mas logo que passou, não podia ser longa, porque cessou de existir.

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
¹ Mq 7,8.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O CONCEITO DE TEMPO — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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11/11/2011 (Sexta-feira)


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Não houve portanto um tempo em que nada fizeste, porque o próprio tempo foi feito por Ti. E não há um tempo eterno Contigo, porque Tu és estável, e se o tempo fosse estável não seria tempo.


O que é realmente o tempo? Quem poderia explicá-lo de modo fácil e breve? Quem poderia captar o seu conceito, para exprimí-lo em palavras? No entanto, que assunto mais familiar e mais conhecido em nossas conversações? Sem dúvida, nós o compreendemos quando dele falamos, e compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei*. No entanto, posso dizer com segurança que não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tempos — passado e futuro —, uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permanecesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade.** Portanto se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir? Daí não podermos falar verdadeiramente da existência do tempo, senão enquanto tende a não existir.

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
* e **  grifos do blogueiro.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O TEMPO COMEÇOU COM A CRIAÇÃO — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

http://criadoreumso.blogspot.com
10/11/2011 (Quinta-feira)


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Se algum espírito leviano, errando entre as imagens vãs do passado, se admirar de que Tu, ó Deus, que tudo podes, tudo crias e tudo dominas, autor do céu e da terra, se esse espírito se admirar que Tu Te tenhas mantido Inativo por inúmeros séculos antes de empreenderes a criação, que ele procure despertar e observar que o seu espanto não tem fundamento. De onde poderiam vir e como poderiam transcorrer os inumeráveis séculos, se não os tivesse criado, Tu que és o Autor e Criador de todos os séculos? Que tempo poderia existir, se não fosse estabelecido por Ti? E como poderia esse tempo transcorrer, se nunca tivesse existido? Portanto, sendo Tu O Criador de todos os tempos — se é que existiu algum tempo antes da criação do céu e da terra — como se pode dizer que cessavas de agir? De fato, foste Tu que criaste o próprio tempo, e ele não podia decorrer antes de o criares. Mas se antes da criação do céu e da terra não havia tempo, para que perguntar o que fazias então? Não podia existir um "então" onde não havia tempo.



Mas não é no tempo que Tu precedes os tempos, pois doutro modo não serias anterior a todos os tempos. Precedes, porém, todo o passado com a sublimidade de Tua eternidade sempre presente, e dominas todo o futuro porque é ainda futuro, e, quando vier, tornar-se-á passado. "Tu, porém, és sempre o mesmo, e os Teus anos jamais terão fim.¹ Os Teus anos não vão nem vêm, ao passo que os nossos vão e vêm, para que venham todos. Os Teus anos existem juntos, porque são fixos e não são expulsos pelos que vêm, porque não passam. Os nossos, pelo contrário, só poderão existir todos quando já todos não existirem. "Os Teus anos são como um só dia",² e o Teu dia não é cada dia, mas hoje, porque o Teu hoje não cede lugar ao amanhã nem sucedeu ao ontem. O Teu hoje é a Eternidade. Por isso, geraste coeterno Contigo aqEle a quem disseste: "Eu hoje Te gerei".³ Criaste todos os tempos e existes antes de todos os tempos. E não existia tempo quando não havia tempo.

(Por Aurelius Augustinus)
¹ Sl 101,28; Hb 1,12.
² 2Pd 3,8.
³ Sl 2,7.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ANTES DE CRIAR, DEUS NADA FAZIA — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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09/11/2011 (Quarta-feira)


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Eis como respondo a quem pergunta: "Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra?" Não vou responder como aquele que, segundo se narra, respondeu, contornando com graça a dificuldade da pergunta: "Deus preparava o inferno para aqueles que perscrutam estes profundos ministérios". Não vou responder assim, porque uma coisa é procurar compreender: "Aquilo que não sei, não sei". Seria melhor do que dar uma resposta que expunha ao ridículo quem fez uma pergunta profunda e traga louvor a quem deu uma resposta falsa. Mas, eu respondo, meu Deus, que és O Criador de tudo. E se pelo nome de céu e terra se compreendem todas as criaturas, responderei sem hesitação: "Antes de criar o céu e a terra, Deus não fazia nada". Pois, se tivesse feito alguma coisa, o que poderia ser, senão uma criatura? Oxalá pudesse saber tudo o que importa conhecer, como estou certo de que não havia nenhuma criatura antes da primeira criatura!

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

DIFERENÇA ENTRE TEMPO E ETERNIDADE — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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08/11/2011 (Terça-feira)


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Aqueles que assim falam, ainda não Te compreenderam, ó Sabedoria de Deus,¹ ó Luz das inteligências; ainda não compreenderam como se fazem as coisas que são criadas por Ti e em Ti. Eles se esforçam para conhecer as coisas eternas, mas o pensamento deles vagueia ainda² na agitação das realidades passadas e futuras. Quem poderá deter esse pensamento e fixá-lo um instante, a fim de que colha por um momento o esplendor da Tua sempre Imutável Eternidade, e veja como não se pode estabelecer um confronto com o tempo sempre móvel. Compreenderá então que a duração do tempo só será longa porque composta de muitos movimentos passageiros que não podem alongar-se simultaneamente. Na eternidade nada passa, tudo é presente, ao passo que o tempo nunca é todo presente. Verá então que o passado é compelido pelo futuro, que o futuro nasce do passado, que passado e futuro têm suas origens e existência naquEle que é sempre presente. Quem poderá deter o coração do homem, a fim de que pare e veja como a eternidade, não passada nem futura, sempre imóvel, determina o futuro e o passado? Será minha mão capaz de tanto, ou poderá minha boca obter efeito semelhante através da palavra?

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
¹ Cf. Ef 3,10.
² Cf. Sl 5,10.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

QUE FAZIA DEUS ANTES DE CRIAR O CÉU E A TERRA? — LIVRO DÉCIMO DE CONFISSÕES

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07/11/2011 (Segunda-feira)


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Certamente estão ainda mergulhados na cegueira do velho homem¹ aqueles que dizem: Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? E acrescentam: Se estava ocioso e nada realizava, por que não ficou sempre assim, continuando a abster-se do trabalho? Se existiu em Deus um movimento novo, uma vontade nova de criar uma criatura que Ele ainda não tinha feito antes, como se pode falar de verdadeira eternidade, onde nasce uma vontade que antes não existia? Mas a vontade de Deus não é uma criatura; é anterior a toda criatura, pois nada seria criado se antes não existisse a vontade do Criador. Essa vontade pertence à própria substância de Deus. Mas se algo surgiu na substância de Deus que antes não existia, não é justo denominá-la substância eterna. Pelo contrário, se era eterna a vontade de Deus antes que existisse a criatura, por que não é eterna também a criatura?

(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
¹ Cf. Rm 6,6. Nos Sermões 267,2, Agostinho diz que é próprio do velho homem viver e julgar como homens carnais, isto é, não do ponto de vista da eternidade.

domingo, 6 de novembro de 2011

DEUS FALA NO NOSSO ÍNTIMO — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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06/11/2011 (Domingo)


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Ó Deus, criaste o céu e a terra neste Princípio, ou seja, no Teu Verbo,¹ no Teu Filho, na Tua Virtude, na Tua Sabedoria, na Tua Verdade, falando e agindo maravilhosamente. Quem O poderá compreender ou descrever? Que Luz é essa que brilha diante de mim e golpeia o meu coração sem o ferir? Eu me atemorizo e ao mesmo tempo me inflamo. Aterrorizo-me enquanto sou diferente dessa Luz, e me inflamo enquanto semelhante a Ela. É a Sabedoria, a própria Sabedoria que brilha em mim, dispersando as nuvens que me cercam, quando novamente dEla me afasto por causa da escuridão que para meu castigo me envolve. "O meu vigor esmoreceu na indigência",² de tal modo que não posso suportar o meu próprio bem, até que Tu, Senhor, que me socorreste com todas as minhas iniquidades, venha curar todas as minhas fraquezas. Resgatará, pois, a minha alma da corrupção; na Tua Piedade e Misericórdia me hás de coroar, e saciarás de coisas boas o meu desejo, porque minha juventude será então renovada como a águia.³ Na esperança fomos salvos, e aguardamos com paciência o cumprimento das Tuas Promessas.⁴ Quem puder ouça a Tua voz no seu interior. E eu, cheio de confiança, clamarei com Teu oráculo: Como são magníficas as Tuas Obras, Senhor! Tudo fizeste na Tua Sabedoria!⁵ É Ela o Princípio, e neste Princípio criaste o céu e a terra.

(Por Aurélius Augustinus  *354  +430)
¹ Cf. Gn 1,1.
² Sl 30,11.
³ Cf. Sl 102,3-5.
⁴ Cf. Rm 8,24ss.
⁵ Sl 103,24.

sábado, 5 de novembro de 2011

A PALAVRA DE DEUS DIRIGE-SE A NÓS NO EVANGELHO — LIVRO DÉCIMO PRIMEIRO DE CONFISSÕES

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05/11/2011 (Sábado)



OS DIREITOS AUTORAIS DE "CONFISSÕES" JÁ CADUCARAM, POIS O AUTOR FALECEU NO ANO 430 DE NOSSA ERA. PORTANTO, HÁ MAIS DE SETENTA ANOS. POSSO POSTAR, VOCÊ PODE COPIAR. É DE DOMÍNIO PÚBLICO. LEI 9610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 - ART. 41. OS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR PERDURAM POR SETENTA ANOS CONTADOS DE 1° DE JANEIRO DO ANO SUBSEQÜENTE AO DE SEU FALECIMENTO, OBEDECIDA A ORDEM SUCESSÓRIA DA LEI CIVIL. PARÁGRAFO ÚNICO. APLICA-SE ÀS OBRAS PÓSTUMAS O PRAZO DE PROTEÇÃO A QUE ALUDE O CAPUT DESTE ARTIGO.

Senhor meu Deus, eu me pergunto sobre o porquê de tudo isso. De certo modo já O vejo, mas não sei como exprimí-Lo. Talvez assim: Todo ser que começa a existir e tem um fim, começa e acaba quando a Eterna Inteligência que não tem inicio nem fim, sabe que ele devia começar ou acabar. Essa Inteligência é o Teu Verbo, que é o começo porque também nos fala.¹ No Evangelho, Ele falou com voz humana, e a Sua palavra repercutiu exteriormente nos ouvidos dos homens, a fim de que Nele cressem, e O buscassem no íntimo, e O encontrassem na Verdade Eterna, onde o Bom e Único Mestre ensina a todos os Seus discípulos, Aí, Senhor, ouço a Tua Voz a dizer-me que só nos fala verdadeiramente aquele que nos ensina, enquanto aquele que não nos instrui, mesmo que nos fale, é como se não nos falasse. Mas quem é que nos ensina, senão a Verdade Imutável?² Ainda quando somos elucidados por uma criatura mutável, somos conduzidos à Verdade Imutável, onde verdadeiramente aprendemos. E nos conservamos imóveis a ouví-Lo, e "somos tomados de alegria à voz do esposo",³ que nos devolve Àquele do qual viemos. Portanto, Ele é o Princípio. De fato, se Ele não permanecesse estável enquanto nos desencaminhamos, não teríamos mais para onde voltar. Quando voltamos de nossos erros, é com pleno conhecimento que o fazemos. Ora, é Ele quem nos ensina esse conhecimento, porque Ele é o Princípio, e é Ele que nos fala.


(Por Aurelius Augustinus  *354  +430)
¹ Cf. Jo 8,25.
² Cf. De mag.11,38.
³ Jo 3,29.

EU VIM AQUI PARA TE DIZER QUE

TE AMO, IRMÃO; TE AMO IRMÀ
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